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Mbuandja na Kianda

Zango: Abandonado e desgovernado

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O então Bairro do Zango, em Viana, agora transformado em Distrito Urbano, é um dos maiores projectos habitacionais do País, em termos territoriais, se atendermos o facto de que já existe o Zango cinco.

Iniciado em 2002, logo após ao alcance da paz efectiva, em Angola, o Zango surgiu, regista a história, para, exclusivamente, atender o clamor dos habitantes da zona da boa vista, em Luanda, cujas habitações apresentavam riscos de desabamento, tendo em atenção as características do terreno em que as mesmas foram erguidas bem como a existência de produtos tóxicos nos arredores.

No entanto, diz ainda a história, ao longo do tempo, isto é, nos anos subsequentes – incluindo agora – o zango passou a receber pessoas vindas de outras zonas da Província. É assim que actualmente já vamos com o Zango 8000, ainda inabitado.

Até aqui, nada a questionar, já que a intenção do Governo passou nisso para a materialização. Desalojaram Luanda por dentro e alojaram no zango! No entanto, 17 anos depois o zango que foi projetado numa dimensão urbana mostra-se muito longe disso porquanto transformou-se num “musseque” sob égide do próprio promotor, no caso, o Governo angolano.

As zonas reservadas à infraestruturas sociais foram todas ocupadas à revelia pelos moradores; os passeios deixados para a colocação de jardins e outras ornamentações foram, igualmente, ocupados ao arrepio da Lei pelos mesmos moradores que, fazem hoje, cada um, dos espaços adjacentes às suas moradias em terrenos privados para barrocas.

O Zango equipara-se, neste sentido, e sem receios de falhar no que afirmamos, com qualquer musseque de Luanda. Vende-se tudo e mais alguma coisa e em qualquer espaço; Toca-se músicas altas e nos termos mais agressivos, a qualquer hora do dia, sem que, desde já, haja alguma intervenção da administração.

Vamos por zonas:

No Zango 1 os passeios deixaram de existir, literalmente, porque os moradores movidos por um sentimento de impunidade, acrescentaram quintais, cozinhas e outros compartimentos que tornaram a zona muito mais próxima daquela que os mesmos deixaram na Boa Vista e outras zonas de risco.

Dito de outro modo, ir a Boa Vista e estar no Zango, as diferenças, em termos de ordenamento, são ténues.

“mamadús” daqui e acolá, comércio precário em todas as esquinas e principais ruas, lixeiras em todos os becos, curvas e residências abandonadas, em fim, é um Zango que, hoje por hoje, não possui requisitos exigíveis em “habitat” humano.

No Zango 3 e 4 o cenário é bem mais deplorável e frustrante. Começando pelo mísero modelo de casas que não se compadece com nenhum padrão das zonas urbanas, hodiernas, quintais que não comportam um único carro sequer, casas com menos de três metros de altura, não acabadas, sob capa de casas “evolutivas”.

Para aumentar o sofrimento de quem escolheu o Zango para viver, os bares, nos passeios, os cabriteiros, os pincheiros, os franguiteiros, tomaram de assalto, todas as ruas, todos os espaços livres que seriam para recriação ordeira.

Músicas diversas, em espaços com pouco mais de vinte metros coabitam numa autêntica desorganização organizada. Ocupam-se ruas inteiras para fins individuais, alteram-se casas, na forma e substancia, ocupam-se partes das ruas para ampliar quintais pessoais, tocam-se músicas altíssimas e qualquer espaço e momento, vende-se em qualquer canto, sem que os autores dessa desordem recebam alguma notificação tendente a impedi-los.

Neste ponto de vista, nada resta aos habitantes e/ou visitantes dos Zangos, para que concluam que os Zangos representam um falhanço em termos de governação. Assim, tendo em atenção a presença da administração neste distrito (pelo menos na perspectiva física e formal) há que concluir, secundariamente, que o abandono ou desgovernação da zona é consequência da incompetência das pessoas cuja missão de gerir lhes foi confiada.




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