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Opinião

Wilson de Almeida Adão: o académico angolano que continua a brilhar na Diplomacia africana

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O panorama político angolano foi surpreendido esta semana com a notícia da eleição, por unanimidade, de um jovem angolano como Presidente da Arquitetura de Governança Africana. Três meses atrás, esse mesmo o respectivo académico havia alcançado outro feito histórico para a diplomacia angolana ao ser eleito Presidente do Comité dos Direitos e Bem-Estar da Criança da União Africana. Pela primeira vez, um angolano assumiu a presidência de um órgão no sistema internacional de proteção dos direitos humanos e, actualmente, é o único a presidir um órgão da União Africana. Tal jovem Diplomata, continua a orgulhar o País.

Afinal, quem é este jovem académico e diplomata angolano na União Africana?

Este atende pelo nome de Wilson de Almeida Adão, nasceu em 1985, na província do Uíge. Filho de João Francisco Adão, Tenente-General reformado das FAA e ex-Chefe-Adjunto da Logística do Estado Maior General e de Ana de Almeida, professora reformada. Wilson Adão herdou do pai o compromisso com a integridade de carácter e da mãe a bondade e o amor ao ensino com responsabilidade.

Em uma entrevista ao programa Dia-a-Dia da TPA em 2019, confessou que, quando criança, sonhava em ser Padre. É um jovem tranquilo e dedicado à leitura desde cedo, passava seus dias lendo em vez de se dedicar as actividades comuns de crianças. Os seus amigos de infância contam que este se orgulhava que aos dez anos, já havia lido a Bíblia completa por três vezes, como resultado do sonho que tinha de ser um bom Padre. Todavia, afinal o destino reservava outras missões para este jovem angolano.

Com apenas 17 anos, Wilson Adão começou a trabalhar como jornalista no extinto Jornal Angolense, enquanto ingressava na Universidade Católica de Angola onde fez parte da primeira geração de ouro de quadros da UCAN, que hoje se destacam na sociedade. Além disso, foi estudante de Quadro de Honra e, aos 18 anos, iniciou carreira académica como monitor, sob a liderança e supervisão do renomado Professor França Van-Dúnnem, na qualidade de seu mentor académico.

Após concluir o curso de Direito na respectiva Faculdade, Wilson Adão continuou a jornada académica onde lecciona há vinte anos, na Licenciatura e Mestrado, as disciplinas de Direito Internacional, Direito Africano e Direitos Humanos. Igualmente leciona também nos cursos de pós-graduação na Universidade de Lisboa. Especialista em Direito Internacional, conclui-o o Mestrado na prestigiada Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa em 2011, tornando-se o primeiro Mestre em Angola em Direito Internacional do Investimento. Actualmente, frequenta em fase final o doutoramento em Direito Internacional de Petróleo e Gás na mesma universidade.

O académico que brilha agora na Diplomacia, teve também passagens curriculares como PHD Visitor no prestigiado Centre of Energy, Petroleum, Mineral Law and Policy da Universidade de Dundee (Escócia) e pelo Max Planck Institute of Public and Comparative Law da Universidade de Heidelberg (Alemanha).

Além, das actividades académica que vem desenvolvendo a mais de vinte anos, tem si dedicado também à advocacia. Trabalhou em importantes escritórios em Angola, Portugal e Escócia.

O percurso do Professor Wilson de Almeida Adão é um testemunho vivo do seu verdadeiro crescimento profissional e amadurecimento pessoal ao longo dos anos. Partindo de um posicionamento idealista contestatário, que lhe permitiu a evoluir como sendo um indivíduo que agora preconiza o conceito de “cidadania responsável e construtiva”. A mensagem que este transmite aos seus alunos é clara: mais do que apenas criticar, é crucial ser parte da solução. E com este pensamento e posição sempre enfatizou o compromisso em ajudar as pessoas e destaca a importância da inclusão, unindo esforços de todos os actores em prol de uma causa comum, inclusive aqueles que estão no Governo.

Um dos marcos iniciais da sua notoriedade pública foi o artigo de 2017 intitulado “Dez Monopólios que Devem Acabar Urgentemente”, publicado no mesmo dia em que João Lourenço fez seu primeiro Discurso sobre o Estado da Nação, no qual anunciou sua intenção de acabar com os monopólios existente no País. O respectivo artigo recebeu elogios da sociedade, inclusive do poder político. Neste mesmo ano, ingressou aos quadros da Inspecção-Geral da Administração do Estado, motivado pelo apelo do Presidente da República que todos deviam ajudar a combater a corrupção e a impunidade.

No ano de 2018, escreveu outro artigo notável com o título: “Sete Desafios de João Lourenço Como Presidente do MPLA”, onde teve a coragem de pedir ao Presidente João Lourenço, que na qualidade de líder do partido do poder e da nação, reinicia-se o processo de reconciliação nacional e pedisse desculpas pelos erros cometidos no 27 de Maio. Meses depois, o Presidente do MPLA, em mais um gesto nobre e de liderança, pediu pela primeira vez na história do partido, desculpas públicas pelos erros cometidos durante o 27 de Maio.

Em 2018, o académico Wilson A. Adão, conhecido pela sua firme defesa dos direitos humanos, aceitou o desafio de liderar a fundação da primeira Clínica Jurídica do país, pela Universidade Católica de Angola. Sob sua liderança, esta iniciativa não apenas proporcionou assistência jurídica gratuita aos cidadãos sem recursos, mas também transformou o ensino do Direito em Angola, oferecendo aos estudantes uma experiência prática valiosa, baseada em casos reais. O sucesso da Clínica Jurídica deu origem, em 2020, ao Centro de Direitos Humanos e Cidadania (CDHC) da UCAN, também liderado pelo jovem académico angolano. Em pouco tempo, o CDHC se estabeleceu como a principal instituição académica de direitos humanos em Angola, destacando-se pelo projecto “apoio legal nas comunidades”, que oferece suporte jurídico gratuito a milhares de vítimas de violência doméstica, abuso sexual e outras formas de injustiça.

O professor Wilson Adão também se destacou em 2020 como mentor e coordenador em nome da UCAN do inovador projecto “Uma Palavra, Um Abraço Virtual – Parlatório Virtual”, criado em resposta à pandemia de COVID-19. Em parceria com o Governo e o PNUD, esse projecto estabeleceu salas de videoconferência (parlatórios virtuais) em prisões de Angola, permitindo que detentos se reconectassem com suas famílias e advogados durante os períodos de isolamento. Os esforços do CDHC na defesa de direitos humanos em Angola não passaram despercebidos pela sociedade angolana, culminando na premiação do CDHC na 1ª Edição do Prêmio Nacional dos Direitos Humanos em 2021.

Como um proeminente membro da academia angolana, o professor Wilson Adão foi convidado pelo Governo de Angola, no âmbito da política de inserção de quadros angolanos em destacadas instituições continental e internacional, para concorrer a uma posição de destaque no Comité de Peritos dos Direitos e Bem-estar da Criança da União Africana, sendo eleito em Fevereiro de 2021. Posteriormente, foi nomeado Relator Especial da União Africana para Crianças em Situação de Vulnerabilidade.

Trata-se de uma trajectória que reflete o compromisso inabalável, a dedicação incansável e o profissionalismo exemplar dos quadros angolanos, o professor Wilson A. Adão emergiu recentemente como um protagonista destacado no âmbito internacional. Em Novembro de 2023, foi eleito por seus pares para presidir o Comité de Peritos dos Direitos e Bem-estar da Criança da União Africana, tornando-se o “Guardião dos Guardiões das crianças africanas”, um marco de grande orgulho nacional. Sua excelência e liderança foram mais uma vez reconhecidas na União Africana em Fevereiro de 2024, quando, por unanimidade, foi eleito Presidente da Arquitetura de Governação Africana (AGA). Estes resultados demostram, no plano internacional, que a aposta do Presidente João Lourenço e da diplomacia angolana foi certeira.

Wilson de Almeida Adão não é apenas um nome proeminente, mas uma inspiração viva para muitos jovens angolanos. Conhecido nas esferas académicas como o “MR Human Rights” ou “Académico Puro”. Trata-se de um jovem docente universitário não só eleva o nome de Angola no cenário global, mas também personifica os valores de honestidade e integridade que são essenciais para construir um País melhor.

A Sua ascensão meteórica é mais do que uma história de sucesso individual; é um testemunho do potencial e da competência dos talentos nacionais quando investidos com confiança e oportunidade. Se resistir as “rasteiras”, inveja e intrigas internas que enferma ou passa qualquer angolano que se destaca. É um nome a continuar a ter em conta para o progresso do País. O Professor Wilson A. Adão é, sem dúvida, um dos muitos exemplos positivos de angolanos que não apenas sonham com mudanças, mas trabalham incansavelmente para realizá-las, impulsionando assim o progresso e a prosperidade de Angola.

Por Diogo Agostinho
Politólogo/Jurista

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