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“Voto afro-americano ajudou Joe Biden e os democratas a alcançarem o poder”, diz activista

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Uma activista do movimento ‘Black Lives Matter’ defende que a recontagem dos votos no estado norte-americano da Geórgia, que confirmou a vitória democrata, demonstra a força da mensagem contra a injustiça e a violência contra afro-americanos.

“Os resultados no estado da Geórgia mostram que o voto afro-americano ajudou Joe Biden e os democratas a alcançarem o poder. Nós ajudamos a afastar (Donald) Trump. É justo que as nossas posições sejam consideradas pela próxima administração”, disse à Lusa , disse à Lusa Hazel Aswell, do movimento Black Live Mater (BLM) em Atlanta, capital do estado da Geórgia.

Na Geórgia, o movimento – que marcou as eleições presidenciais a nível nacional – pede o fim da “guerra contra os afro-americanos e reparações pelos efeitos da escravatura” assim como exige mais “justiça económica” e mais protagonismo político.

A participação dos afro-americanos no estado atingiu os 82% contribuindo para a vitória de Joe Biden sobretudo nos condados de Atlanta, Augusta, Chatam e Liberty, mais populosos.

recontagem manual dos votos do estado da Geórgia confirmou na quinta-feira a vitória do candidato presidencial Joe Biden, mostrando o que já se sabia no passado dia 07 de Novembro quando os democratas proclamaram a vitória eleitoral a nível nacional.

Mesmo assim, o candidato republicano Donald Trump apostou desde o princípio na nova contagem dos votos, numa tentativa de “provar” a existência de fraudes e irregularidades.

A lei eleitoral na Geórgia não exige a recontagem, mas permite a revisão dos votos a pedido de uma das candidaturas se a diferença for inferior a 0,5%.

O processo provocou inclusivamente durante os últimos dias uma contenda interna no seio do Partido Republicano porque o secretário de estado Brad Raffensperger (autoridade eleitoral da Georgia) pediu ao próprio partido para deixar de promover teorias conspirativas sobre fraude eleitoral propondo a recontagem manual dos cinco milhões de votos do estado.

Durante o passado fim de semana, Donald Trump atacou Raffensperger nas redes sociais, chamando-lhe “R.I.N.O.” acrónimo de “Republican in name only” (republicano apenas de nome).

Trump foi secundado pelo seu advogado Rudy Giuliani, ex-autarca de Nova Iorque, que na quinta-feira durante uma conferência de imprensa ainda insistia que o software utilizado na eleição mudou milhares de votos de Trump para Biden “revelando” que se tratava de uma interferência directa da Venezuela contra os Estados Unidos.

Biden foi declarado vencedor das eleições presidenciais a 07 de Novembro, depois de ter conquistado três importantes estados: Pensilvânia, Michigan e Wisconsin.

Os estados votam para as presidenciais através de um Colégio Eleitoral sendo que Biden tem neste momento 306 “grandes eleitores” contra 232 de Trump.

A situação na Georgia não encerra definitivamente as tentativas de Donald Trump sobre a teoria da fraude nas presidenciais visto estar a tentar, num gesto sem precedentes, que os votos não venham a ser certificados a nível estadual tendo já conseguido que no Michigan os membros do Partido Republicano se tenham recusado a assinar os resultados.

Na Geórgia, os resultados da contagem manual devem ser certificados formalmente até sábado.

O próximo dia 08 de Dezembro é a data limite para resolver qualquer contencioso eleitoral.

O Colégio Eleitoral reúne-se no dia 14 de Dezembro para eleger Joe Biden, que toma posse no dia 20 de Janeiro de 2021 como 46.º presidente dos Estados Unidos.

A nível estadual, a Georgia tem ainda para resolver a segunda volta da eleição de dois senadores, o que só vai acontecer na primeira semana do próximo mês de Janeiro.

O senador republicano David Perdue, milionário de 70 anos, não quer perder no dia 05 de Janeiro o lugar no Senado, tendo para já recusado o debate televisivo marcado para o dia 06 de Dezembro em Atlanta com o democrata Jon Ossof.

Ossof, ex-jornalista de 33 anos, desempenhou funções de assessor do democrata afro-americano John Lewis (1940-2020) que foi um destacado membro da Câmara de Representantes e uma figura histórica do movimento pelos Direitos Civis nos anos 1960.

Em concreto, a segunda volta realiza-se na Geórgia porque a lei estadual decreta que se nenhum candidato obtém 50% da votação inicial (04 de Novembro) tem de se realizar uma segunda eleição entre os dois principais candidatos: Perdue, pelos republicanos e Ossof pelos democratas.

De acordo com uma sondagem da NBC publicada durante a madrugada, David Perdue tem neste momento 49,7% e Jon Ossof 48% sendo que os democratas precisam de uma vitória na Georgia para controlar o Senado através do voto de qualidade da vice-presidente Kamala Harris.

“Para nós a situação é evidente, existe o envolvimento dos afro-americanos e dos defensores dos direitos civis no processo eleitoral. As nossas exigências têm de fazer parte da agenda da próxima administração. Até quando temos de esperar?”, questiona Hazel Asswel, a activista do BLM de Atlanta para quem as “eleições” são “apenas um passo” para resolver as questões de fundo da sociedade norte-americana.

Por Lusa