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Visita de Biden: Angola feita na maior placa giratória do Ocidente na SADC

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O Embaixador norte-americano em Angola e São Tomé recusa-se a dar detalhes sobre a deslocação de Joe Biden a Angola, como anunciou a Reuters, submetendo tal competência à Casa Branca. Entretanto, numa coisa Tulinabo Mushing tem certeza: as relações entre Luanda e Washington tornaram-se bem melhores com a Administração Biden, este que por cansaço face à idade, abdicou de concorrer a um segundo mandato presidencial.

“O presidente dos Estados Unidos da América (EUA) deverá visitar Angola nos próximos dias”. A informação foi tornada pública pela primeira vez pela agência Reuters.

A possibilidade de Joe Biden visitar Angola foi admitida pelo próprio na véspera da deslocação de João Lourenço aos EUA, em Novembro de 2023, uma visita que ficou marcada com a declaração ‘bombástica’ do presidente norte-americano de que “Angola é o país mais importante de África“.

Caso a visita se concretize ficará para a história porque será a primeira de um chefe de Estado norte-americano a Angola, bem como uma inequívoca vitória diplomática de João Lourenço. E cimentará o papel de Angola como a Nação da Comunidade dos Países da África Austral (SADC) mais cobiçada entre as grandes potências globais.

O que se vivencia hoje é caso típico para dizer que mudam-se os tempos e mudam-se as vontades.

A África do Sul, várias vezes indicada por diferentes ranking como o país mais rico de África, além de mais estruturado no quadro da economia de mercado, foi tradicionalmente um aliado do mundo democrático ocidental, numa altura em que o país era governado pelo regime segregacionista do Apartheid, tendo inclusive lutado em Angola contra o Governo do MPLA, e a favor da UNITA, que era apoiada política e financeiramente pelos EUA.

Quer naquele período, quer depois do fim da guerra em Angola, em 2002, o Governo angolano (do MPLA) era apoiado pela Rússia.

Apesar dessa aproximação até ideológica de então entre o Governo/MPLA e a Rússia, registos mostram que Joe Biden, enquanto ainda senador, já defendia ser possível contrariar a aproximação de Luanda e Moscovo a favor de Luanda-Washington. Entretanto, daquele período para cá, passaram à frente da Casa Branca vários presidentes, mas nenhum deles foi capaz de quebrar o elo de ligação entre essa importante potência da SADC e a maior potência nuclear do mundo, bem como a ligação com o gigante asiático, que também se tornara um actor relevante para Angola.

Subtil, diferente da Administração Trump, que pretendia uma aproximação forçada, Biden levou Angola a olhar para o lado, e ver que há um outro mundo para além da Rússia e a China.

Como nunca antes, Washington mandou para Luanda os quadros mais importantes do governo e de outras instituições estatais norte-americanas, desde os ligados à Energia, Telecomunicações, Saúde, líderes do Pentágono, e até o secretário de Estado.

O maior sinal de que Angola já não era o mesmo no quadro da relação internacional foi dado pelo próprio João Lourenço, a 15 de Setembro de 2022, durante o seu discurso proferido na cerimónia de investidura para o seu segundo mandato presidencial.

Diferente do apelo que fazia antes para que a Rússia e a Ucrânia devessem ambas cessar a guerra, o Presidente angolano juntou-se ao coro dos discursos ocidentais, referindo que a Rússia devia parar com a guerra, um sinal que se subentende que o Kremlin é o ente agressor. E mais: nas Nações Unidas, a maior tribuna política mundial, Angola passou a adoptar o mesmo sentido de voto ocidental, como foi o voto a favor do projecto de resolução que condenou a anexação de territórios ucranianos por parte da Rússia.

No campo militar, Angola já manifestou o desejo de substituir o material de origem Soviética/russa por equipamentos usados pelas tropas da Organização do Atlântico Norte (NATO).

“Nos últimos três, quatro anos, quatro, cinco anos, a relação [EUA-Angola] subiu, subiu muito. É um percurso muito, muito interessante. Eu estou muito feliz para ver o nível das relações diplomáticas entre Angola e os Estados Unidos da América. No ano passado, nós celebramos o 30º ano de relações diplomáticas e durante todos os anos, Angola sempre foi um assunto que nós tínhamos na nossa política”, disse Tulinabo Mushing, a quem Joe Biden confiou para olear as relações antes tidas como antagónicas.

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