Opinião
A vez de João Lourenço
Por: Ladislau Francisco*
João Lourenço tomou posse a bem pouco tempo, mas já se vai fazendo sentir no dia-a-dia dos angolanos. Desde a surpresa ao agrado de se ver o que antes não se via, discursos virarem ações e materialização da tal mudança que antes era apenas sonho de um povo pacífico, sonhador e descrente na realização do sonho de todas as noites.
As exonerações são ações normais de quem pretende arrumar a nova casa a qual recebeu responsabilidade de cuidar, mas no caso específico de JL, é mais que isso. É a demonstração de coragem de um homem que vai dando sinais de querer virar a página. Mesmo que mudanças radicais sejam necessárias.
As correntes para avaliação do posicionamento de JL são muitas, mas no mínimo duas merecem atenção: 1- João Lourenço pensa pela própria cabeça e quer, até um pouco precipitado, meter as coisas a funcionar de facto e o país nos eixos. Consciente dos imbroglios que daí poderão vir.
2- João Lourenço é na verdade a encarnação da estratégia do MPLA, que consistente do que o povo quer, vai usando-o para dar vida a realização dos sonhos de uma maioria e consequente aproximação do partido as massas.
Assumindo o risco de estar a ser ingênuo na análise, acredito na primeira hipótese. E sustento a crença não só nas exonerações, auto suspensão de mandatos de deputados e na caça aos prevaricadores do bem público, mas também nos muitos nomes que vão surgindo para posições importantes, para não dizer chaves, são os casos de Garcia Miala e de Marcolino Moco.
Partindo do princípio de que estamos no lado certo da análise, a felicidade e aceitação do PR por parte do povo, traz consigo um lado sombrio e assustador. O agrado as massas quase que nunca anda em sintonia com o jogo político. E não sou eu a especular, a história deixa isso claro como água cristalina. Lideres que mais gozam de aceitação das massas tendem a ter mandatos complicados e quase sempre em choque com as elites. E isto para não tocar no factor segurança. Afinal, e ainda mais em países como o nosso, as caças geram receios, receios geram alertas, alertas geram mecanismos de defesa, e em nome da segurança, quase tudo vale. Em Angola? – Não precisa ser cientista para perceber que neste momento, não são as massas a se bater contra o novo PR.
É definitivamente a vez de JL, esperamos que faça valer a sua vez e que mais que mudanças nas lideranças, seja a sua vez, a vez das mudanças necessárias no país.
*Docente Universitário