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Venezuela: silêncio africano demonstra auto-atribuição de certificado de menoridade

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Situação está a revelar-se numa clara auto-atribuição de um certificado de menoridade por parte dos governantes do continente berço, face aos outros actores da política internacional. A Argentina não esconde o sentimento, e acusa Maduro de fraude eleitoral, já os EUA e o Brasil exigem a publicação das actas para a descoberta da verdade, e apelam ao fim da violência. Dos governante africanos, há um silêncio ensurdecedor.

Os dirigentes do continente africano, uma geografia historicamente marcada pelo respeito à vida humana, estão a optar por uma posição de descaso ao bem maior do povo venezuelano, deixando Nicolas Maduro, o mais Alto Mandatário daquela nação, carregar uma agressão brutal contra o seu próprio povo, o detentor último do poder.

A carga militar e policial, sob ordens de Maduro, já provocou a morte de cerca de onze pessoas e cerca de 750 detenções, tudo porque os populares pedem apenas a publicação das actas em que consta seus votos, visando aferir a verdade eleitoral.

De acordo com o Conselho Nacional Eleitoral (CNE), Nicolas Maduro venceu as eleições presidenciais do último domingo (28 de Junho), com 51,20% dos votos validamente expressos, tendo o principal candidato da oposição, Edmundo Gonzalez Urrutia obtido 44,%.

Os dados do CNE foram anunciados às primeiras horas de segunda-feira, 29, quando tinham sido contabilizados 80% do total de boletins de voto.

Entretanto, a equipa de Edmundo Gonzalez Urrutia tem outros números, e aponta que o seu candidato venceu o pleito com 70% dos votos, e exige, em nome da verdade eleitoral, em respeito à vontade popular, que se publique as actas eleitorais.

Mas o CNE e Nicolas Maduro não estão dispostos a este simples gesto, que encerraria a cólera popular, que tem sido manifestado nas ruas.

A Rússia de Vladimir Putin, cuja reeleição neste ano também foi alvo de imensas críticas e suspeições, já veio manifestar o apoio a Nicolas Maduro, sem a mínima preocupação de apurar os factos.

A China mantém o mesmo coro, mas o Brasil, co-membro do BRICS, juntamente com a Rússia e a China, mantém a cautela, e apela a publicação das actas.

Os Estados Unidos da América alinharam como o Brasil, talvez resulte de uma estratégia coreografada, tendo em conta que, recentemente, os presidentes das duas nações, Joe Biden (EUA) e Lula da Silva (Brasil), reuniram-se para abordar a crise de venezuelana.

Quer os Washington, quer Brasília, exigem a apresentação das actas eleitorais, bem como o fim da agressão, detenção e morte de manifestantes.

Do lado africano, há um silêncio ensurdecedor. Uma situação que revela clara auto-atribuição de um certificado de menoridade face aos imbróglios globais.

Não se conhece, pelo menos, uma única declaração da União Africana a propósito. Para diferentes observadores da política internacional, talvez os dirigentes africanos estejam a ser bem mais coerentes em relação a outros líderes mundiais, dado que, sublinham, em muitos casos, têm cometido atrocidades semelhantes.

Embora não tenha emitido uma resolução face ao voto por abstenção de cerca de dez países, entre os quais o Brasil, a Organização dos Estados Americanos (OEA), debateu a situação, e boa parte de seus membros, com destaque para a Argentina, Canadá, Chile e o Uruguai, não escondem a percepção de que Maduro adulterou os resultados resultantes da escolha dos populares.

Javier Milei, presidente da Argentina, já fez saber que, particularmente, o seu país não há-de reconhecer a reeleição de Nicolas Maduro, face às evidências de fraude, de acordo com a sua visão.

O Jornal The New York Times teve acesso à contagem parcial da oposição na Venezuela, e concluiu que os dados disponíveis sugerem que o presidente Nicolas Maduro foi derrotado por Edmundo González.

Os números, de acordo com esse importante meio de comunicação social, indicam que González venceu Maduro por mais de 30 pontos percentuais, com uma estimativa de 66% a 31%.

Entretanto, as diferentes organizações venezuelanas sublinham, independentemente do resultado, o povo deseja unicamente somente a publicação das actas eleitorais e nada mais…




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