Opinião
Vai tudo para o Estado
Antes mesmo de entrar na verdadeira ideia do texto e portanto, de qualquer questão pontual sobre este “VAI TUDO PARA O ESTADO”, permitam que lhes diga: Estava errado; Afinal não era o começo do fim da UNITEL. Um erro na previsão apresentada num texto, para esta mesma plataforma, com o mesmo título, “COMEÇO DO FIM DA UNITEL“. Mas não há makas de nenhum tipo, afinal, só há uma certeza nas previsões, provavelmente estão erradas!
Afinal não era o começo do fim da UNITEL. Era só o começo do fim de Isabel Santos, rica, gestora fantástica, que via e fazia dinheiro onde mais ninguém via. Sim, parece piada, mas não. A casa caiu, agora já sabemos o que sempre soubemos, mas não sabíamos. Um pouco de filosofia barata. Sim, só com filosofia e um mix de água e calma para levar com tudo que um hacker tuga que nem nada tem que ver com problema, descobriu e trouxe à tona: Chamam-no LUANDA LEAKS! Mas não, não vamos falar da Isabel, já tem ela e toda sua gangue muita batata quente para esfriar.
Mentira, vamos mesmo falar da Isabel. Ao menos de coisas ligadas ou que estiveram ligadas a ela. Com esquema financeiro e organização empresarial complexa, Isabel dos Santos contruiu um verdadeiro labirinto, no qual, pelos corredores corriam dinheiro, e muito. Acontece que desde a saída da SONANGOL, Isabel anda na mira da PGR por alegada transferência ilegal, depois mesmo de já ter sido exonerada do cargo de PCA da empresa pública. E isso sem contar os negócios que fez consigo mesma, os quais, agora se sabe, são só uma ponta de todo imbróglio que agora são conhecidos através do LUANDA LEAKS.
A questão é que todo o esquema financeiro e toda imagem de gestora fantástica que trazia know-how e dava empregos estáveis e seguros em Angola (coisa que eu aprecio) está assente em dinheiros do Estado, dinheiro que usou, abusou e apesar de reconhecer que tenha usado, diz hoje, não ter condições para devolver. Pelo que, o Estado vai atrás, e consegue o arresto das suas contas e posições financeiras. É exactamente aí que começa a coisa: Vejamos então que o fim último desta empreitada toda, mais que atirar lama porca e gruedenta a imagem mundialmente imaculada da empresaria mais rica de África, o Estado angolano quer mesmo ser o último beneficiário do resultado de tudo que a empresária dos ovos de ouro construiu/comprou com o dinheiro que é do Estado e sempre foi. E faz sentido. Mas também não faz sentido! Outra vez filosofia? – Não!
É que existem duas correntes que vão uma contra a outra. Se por um lado, faz todo sentido politico ir atras e reaver o que é do Estado para a esfera do Estado, e portanto alienar empresas e tudo mais que Isabel tenha feito/conseguido com dinheiro público; Por outro, há a questão económica, e essa vai totalmente contra. Pelo menos contra a ideia de adicionar despesas (ordenados que não são baixos dos muitos funcionários, só para se ter ideia) e de adicionar estruturas empresariais ao já pesado camião do Estado. Tão pesado, que não a muito tempo, apenas se falava na possibilidade de o Estado vender cerca de 30 empresas e/ou participações em empresas. Caso que inclusive, levou-me a escrever o texto “É TUDO DO ESTADO”. E agora? – Outro dilema, o que leva a cura, é o que provoca a doença.
Tem solução! E parece ser a solução que o Estado pretende seguir. Receber tudo, ir tudo para o Estado e depois vender. Okay! Mas como garantir que em caso de venda destes bens, eles não vão parar nas mãos de outro especialista em saquear o Estado? Pois… E isto numa altura que já se fala de que os bens de outro tubarão que também já sabemos, mas não sabemos, estarão na mira do Estado.