Sociedade
Uso de estupefacientes na maioria das vezes começa numa brincadeira, dizem ex-usuários
O programa Ligação Jovem, da Rádio Correio da Kianda, reuniu em estúdio, na última quinta-feira, 26, ex-usuários de drogas e o psicólogo Amâncio Emanuel Justino, em torno do tema “As consequências do uso de estupefacientes na adolescência”.
Segundo o depoimento dos ex-usuários, na maioria das vezes, os jovens usam drogas para poderem pertencer a determinados grupos, perder a timidez ou exibir um talento como cantar, dançar ou como forma de refúgio, como é o caso do Evander.
“No meu caso, comecei a brincar com o palito de fósforo. Eu só queria ver o fumo a sair da minha boca, depois passei a usar como uma forma de refúgio, porque eu sempre gostei de futebol, já a minha mãe gosta de basquete, e eu recebi uma proposta para ir ao exterior e ela não aceitou, eu estava com 13 anos e desde daí comecei a fumar liamba e não mais parei”, disse.
Questionados sobre como faziam para adquirir os estupefacientes, os nossos convidados responderam que, “o acesso é fácil e barato e normalmente os adultos enviam as crianças para comprar para que eles como adultos não sejam vistos”.
Segundo o psicólogo Amâncio Justino, “a liamba contém o THC que é chamado como Treta Canabidiel e o nosso organismo por si só já tem receptores para captar, pois a mesma actua primeiramente no córtex frontal, que é a capacidade como a pessoa julga as coisas. Por isso é que vamos reparar que uma pessoa sobre o efeito da substância, muitas vezes acaba por tomar decisões impulsivas”.
Amâncio Emanuel Justino disse também, que em relação ao uso da cannabis o efeito vai depender da predisposição genética da pessoa, “tem pessoas que podem usar e começar a chorar, tem pessoas que podem usar e começar a escrever um livro, tem pessoas que podem usar e cantar melhor”.
O psicólogo frisou que existem muitas pessoas a fazer uso destas substâncias, e por ser ainda um tabu, as famílias pouco falam, logo, não conseguem detectar quando algum familiar está a usar, pois o uso é feito às escondidas.
Sobre as consequências do uso de estupefacientes, os nossos convidados disseram que, chegou uma altura que já ninguém confiava neles e tudo que desaparecia em casa ou em casa de familiares eles eram tidos como culpados, e tem também a parte da auto-estima, e o sentimento de inutilidade, que acaba por tomar conta do consumidor.
“Tu sentes que já não tens valor e que podes roubar, se eu for preso ninguém vai se importar”, frisaram.
Os nossos convidados apelaram aos pais a terem muita atenção com os filhos, pois a rua traz ensinamentos que se não forem bem controlados podem tomar conta dos filhos.
Ressaltaram também que existe a controvérsia, pois “muitos filhos que têm toda a atenção dos pais é que mais fumam, pois o tempo que os filhos ficam na rua ao apanhar um táxi, por exemplo, pode ser suficiente para ter contacto com distrações que podem trazer vícios irreversíveis”.