Sociedade
Universal acusa TPA de exibir “matéria falsa” sobre a denominação religiosa
A disputa entre pastores angolanos e a liderança da Igreja Universal do Reino de Deus (IURD) parece estar longe do fim, agora, com o Portal R7, braço jornalístico da denominação religiosa, a acusar a Televisão Pública de Angola (TPA) de exibir uma reportagem com notícias falsas sobre as condições dos pastores da IURD em Angola.
De acordo com a publicação, o material veiculado pela emissora estatal “é crítico à igreja e tenta supostamente mostrar que os integrantes angolanos da instituição são discriminados pelos líderes da Universal”.
Em causa está uma reportagem exibida pela TPA que apresenta as condições a que são submetidos alguns pastores da Universal no país, bem como possíveis razões para a origem da ruptura no seio da igreja que fez, inclusive, com que alguns templos fossem “tomados de assalto” pela liderança angolana.
Assista abaixo
A reportagem da TPA apresenta um pastor, que alega estar doente e que foi abandonado pela igreja por ter se negado a fazer vasectomia, punição estendida, inclusive à sua noiva, que teria sido impedida de frequentar as reuniões da denominação.
De acordo com o secretário do sector de Saúde da Universal em Angola, em declarações publicadas pelo R7, o pastor citado na matéria, “chegou até a Universal no fim de 2019 alegando ter um problema de tuberculose”, afirma Akira Sanbrenho.
“Nós o acolhemos e ele decidiu ir para casa. Em Janeiro ele voltou dizendo ter uma dor de estômago. Em Março ele disse que a medicação para tuberculose não estava fazendo efeito. Então, encaminhamos para a clínica Multiperfil”, diz a matéria e alega que o mesmo continuou a receber uma ajuda de custo mensal de pouco mais de Kz 70 mil.
A polémica sobre a vasectomia
Outro ponto alvo de críticas por parte dos pastores angolanos tem a ver com o impedimento dos pastores terem filhos. Os mesmos chegaram a dizer que a liderança da Universal teria os obrigado a fazer a vasectomia, procedimento que deixa o homem impossibilitado de ter filhos.
A igreja rebateu, alegando que dos “157 pastores locais casados, 85 tem filhos. Entre brasileiros e angolanos que trabalham no país africano, há 127 filhos, sejam crianças ou adolescentes”.
“Nem casado é obrigado a fazer vasectomia, quanto mais um solteiro. Daqui a pouco, a população vai sair de casa pra jogar pedra na igreja, pra perseguir os brasileiros”, explicou ao R7, o bispo Honorilton Gonçalves, líder da Igreja Universal em Angola.
Sobre a reclamação feita pela esposa de um dos pastores, que alega terem que viver em casas compartilhadas, a igreja não desconfirma e diz que apenas 6% dos pastores casados vivem em casas compartilhadas. “E sempre são realocados para casas particulares”.
“A TPA pertence ao Governo do país e divulga reportagens de acordo com os interesses das autoridades locais. A suposta denúncia contra a Universal foi feita no momento em que os templos são invadidos e crescem as demonstrações de ódio contra religiosos brasileiros”, diz a publicação.
O bispo Honorilton Gonçalves disse ainda que foi contactado pela produção da TPA, gravou entrevista, mas a mesma não foi veiculada. “Eles ligaram pra mim, pessoalmente, dizendo que queria gravar entrevista. Eu gravei, mas não passaram.”
Para ele, o que ocorre na denominação em Angola seria “uma campanha pública contra a instituição brasileira”.
“Somos 65 pastores brasileiros, além de esposas e filhos. Nós estamos sendo vítima implacavelmente de um complô. Jogando a população contra nós. Lamentável. Há um crime de incitação popular.”
De Sociedade para Política
Na segunda-feira, 13, o presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, enviou uma carta ao presidente João Lourenço, demonstrando preocupação e solicitando aumento da protecção a membros da Igreja Universal do Reino de Deus (IURD) no país.
A resposta veio no mesmo dia, com o ministro das Relações Exteriores, Téte António, a dizer que os últimos incidentes que envolveram pastores angolanos da Igreja Universal do Reino de Deus (IURD) em Angola e brasileiros “vão merecer a atenção da justiça”.
“Vamos deixar a justiça tratar desta questão”, sublinhou.