Análise
UNITEL vende charme em momento de crise profunda
O surgimento da covid-19, enquanto vírus letal e com consequências nefastas em todo o mundo colocou à lupa a capacidade de reação dos Estados afectados, que dentro em breve serão todos.
Por cá, o desafio não é diferente. Mais do que os discursos, as conferências de imprensa, promessas, o País precisa, na verdade, de factos, realizações concretas.
Clarificando, o País que se encontra numa situação economica difícil, precisa de recursos financeiros para fazer face as necessidades com que se debate na compra de testes, antídotos, material de biossegurança e criar condições condignas para as equipas medicas.
Neste sentido, entendemos nós, o Ministério da Comunicação Social, na pessoa do seu titular, Nuno Caldas Albino, anunciou sexta-feira última, em Luanda, o lançamento da campanha de solidariedade “Juntos por Angola”, que visa, segundo ele, mitigar as carências da população mais vulneráveis face à pandemia da COVID-19.
O dirigente teceu tais considerações após a sessão do Conselho de Ministros. Nuno Caldas apelou à solidariedade dos angolanos num momento que considerou difícil para a humanidade.
“Os angolanos sempre enfrentaram com determinação, inteligência e elevado sentimento patriótico as grandes adversidades, ao longo da história.
Neste sentido, continuou, a comissão Interministerial para a prevenção e o combate à pandemia abrirá contas bancárias, a fim de recolher contribuições individuais e colectivas para face ao problema”, disse.
No entretanto, as respostas a este pedido não se fez esperar, pois, empresas há que já anunciaram apoios, mormente, o Banco de Fomento Angola, que no âmbito da responsabilidade social, através do seu conselho de administração decidiu apoiar o Governo de Angola com uma ajuda no valor até 5 milhões de dólares na aquisição de material hospitalar essencial no combate ao COVID-19.
Segundo uma nota a que tivemos acesso, o valor em causa vai servir para Testes de diagnóstico para Covid-19, aquisição de ventiladores, termómetros electrónicos, desinfectantes hospitalares, bem como Equipamento de protecção individual (Batas, Fatos de protecção biológica, Toucas, Viseiras, Máscaras, Luvas, etc.
A Nossa Seguros, uma seguradora pertencente ao Banco Angolano de Investimento, apoiou o governo com 20 milhões de dólares.
A UNITEL, que controla o mercado da telefonia móvel, em Angola, apoiou o governo numa ajuda transformada em saldo.
Segundo dados em posse do Correio da Kianda aquela operadora disponibilizou desde as 00:00 horas do dia 28 do corrente mês, um serviço válido até 26/04/2020, e disponibiliza, alegadamente, voz (45 min), sms (50) e dados (200 MB), com o limite diário de 1m30s + 1 SMS.
Dito isto, resta-nos olhar para os valores disponibilizados, a capacidade contributiva de cada uma delas e o volume das necessidades.
Neste estágio, nada resta para que percebamos que, temos empresas que desconhece a importância da responsabilidade social. Desconhecem porque a amplitude da UNITEL, o volume de dinheiro que movimenta contrastam, efectivamente, com o apoio que disponibiliza ao Estado que, como sabemos, somos todos nós, incluindo os pouco mais de três mil trabalhadores que fazem existir a empresa.
A oferta não tem um efeito mutiplicador aos esforços para compra dos ventiladores, respiradores e trajos de proteção dos médicos e seus auxiliares.
Aliás, os actuais responsáveis da UNITEL, deveriam fazer mais, em nosso entender, porque a mesma é hoje detida pelo Estado (o mesmo que tem problemas) por cerca de 75% o que, com bom senso, deveria motivar uma participação exemplar e patriótica.
O BFA, de igual modo, está num jogo de charme, sem perceber que o momento não se compadece com isso. Charme porque os dividendos da empresa não se ajustam ao apoio que simula dar, pois, o nivel do problema ultrapassa, de longe, a capacidade do próprio Estado, hoje, em função das dificuldades que todos conhecem, a nivel das principais fontes de receitas deste.