Politica
UNITA deve antecipar-se em suspender outros deputados envolvidos em negócios com carros públicos – David Mendes
O jurista David Mendes disse sábado último que há um número considerável de deputados, sobretudo jovens, que estão envolvidos em crimes de peculato, por terem colocado as viaturas protocolares ao serviço de táxi.
David, lamentou o facto e disse que a sua maioria é da oposição, o que poderá manchar o nome e a reputação das organizações políticas, tendo em conta a sua luta contra a corrupção e acusações do MPLA de promover a corrupção.
“Há mais casos. É aí que nós queremos que a Assembleia Nacional tenha coragem, porque das informações que nós também conseguimos apurar, junto do pessoal do Pungu a Ndongo, que se reserva a publicar a lista dos deputados se a Assembleia Nacional não fizer. Então, nós não estamos a falar aqui de um deputado. Pode chegar a 10 ou mais, estamos a falar de um assunto muito sério, um assunto que a Assembleia não pode, na salvaguarda da sua imagem, esconder isso, seria um erro grave a Assembleia tentar esconder essa realidade”, disse.
O antigo deputado, espera que a UNITA tenha coragem e para a salvaguarda da sua imagem, venha a público, penitenciar-se e suspender o quanto antes os outros deputados e, exigir sua responsabilização.
O jurista assegurou que o Ministério Público deverá dar seguimento do processo do deputado criminalmente, e a responsabilização civil para devolver ao Estado o valor da viatura dada como desaparecida, avaliada em mais de 100 milhões de kwanzas.
“Eu acho que o Grupo Parlamentar da UNITA deveria penitenciar-se, até porque é um grupo que gosta muito de conferências de imprensa, deveria ter convocado a imprensa para penitenciar-se e, sei que eles têm conhecimento de quem são os deputados, eu sei que têm conhecimento, que estão envolvidos, e suspender imediatamente esses deputados é o mínimo que se espera, a responsabilização política, a UNITA tem de vir publicamente e dizer que, nós não estamos de acordo com esse tipo de comportamento, é contra a nossa conduta e os deputados que estão nessa situação, nós não os vamos proteger, de contrário, vamos exigir a sua responsabilização”, avançou.
O antigo Presidente da Mãos Livres, desafiou a Assembleia Nacional de publicar os outros deputados implicados no crime igual que pode levar o deputado Alberto Catenda perder o mandato por ter colocado a viatura protocolar ao serviço de táxi numa rent-a-car.
O cientista político, Eurico Gonçalves, advertiu todos servidores públicos a terem uma conduta configurada na ética, porque a acção de um gestor público é escrutinada pelo cidadão, a situação ocorreu num órgão que preceitua as leis, e deveria ser exemplo, pelo que considera a prática como outra forma de corrupção, que “é um mal que causou mais vítimas do que a guerra civil em Angola”.
“Servirá de exemplo, não só para ele, mas também para os outros deputados e, obviamente, para todos nós, porque a sociedade angolana vê a corrupção como se fosse um acto normal, mas não é, a corrupção inviabiliza a consecução dos objectivos, quer económicos, quer sociais, quer políticos e até cultural de um dado povo. Não estamos hoje na miséria em que nos encontramos, estamos na pobreza extrema em que nos encontramos, porque tudo que nós ganhamos como Estado e como nação, nós próprios desviamos, através dos actos de corrupção e crimes conexos”, avançou.
Eurico, disse que a possibilidade de perder o cargo é consequência do comportamento que o deputado tomou.
“Hoje, em Angola, há um combate contra a corrupção e o que é que nós estamos a ver? Novas formas de corrupção e, aqui também, os que trabalham no sentido de combater contra a corrupção devem levar em consideração três variáveis. A primeira, é a velocidade para detectar os actos de corrupção, a segunda, é a velocidade para processá-los, e a terceira variável é a velocidade para puni-los. A responsabilidade é do indivíduo que cometeu estes actos e a responsabilização deve recair sobre este mesmo indivíduo”, ressaltou.
Já o filósofo, Almeida Pinto, defendeu a recuperação da reputação da família, sociedade, e pensa que cabe ao partido tomar uma medida para salvaguardar a imagem da organização.
“É uma vergonha para a nossa época, o nosso tempo, é uma vergonha para o nosso país, portanto, é um dos crimes que um deputado não pode fazer”, vincou.
Entretanto, uma nota chegada à mesa de redacção da Rádio Correio da Kianda do Secretariado de Comunicação e Marketing da UNITA, refere que, o líder da maior força política da oposição em Angola, Adalberto Costa Júnior vai realizar hoje, uma conferência de imprensa, para falar da situação económica.
Espera-se que venha se pronunciar de outros nomes de alegados deputados do seu partido, implicados em negócios nas “rent-a-car” com carros públicos.