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União Europeia destaca apoio ao Corredor do Lobito como projecto chave
A União Europeia destacou o apoio ao Corredor do Lobito como projecto chave. A informação consta do resumo da Declaração Conjunta União Africana – UE, divulgada esta terça-feira, 25, em Luanda.
Durante dois dias, representantes dos dois blocos reuniram-se na capital angolana para celebrar os 25 anos da parceria UA-UE e reforçar o compromisso político, económico e estratégico entre os dois continentes.
Como resultado do encontro, foi divulgada uma lista com dez pontos chaves constante na Declaração Conjunta, com o Corredor do Lobito a figurar como projecto essencial a contar com o apoio do bloco europeu.
Conforme publicado anteriormente pelo Correio da Kianda, o Corredor do Lobito é uma das maiores apostas de logística ferroviária no Sul global, prometendo redefinir o escoamento de minerais estratégicos na região.
Recentemente, a União Europeia investiu 43 milhões de euros em Angola para a capacitação dos empresários e empreendedores que vão operar ao longo da infraestrutura ferroviária de 1.300 quilómetros, que liga o Porto do Lobito (Angola) à República Democrática do Congo (RDC) e à Zâmbia.
Recordar que nesta quinta-feira, 26, Angola vai exportar, pela primeira vez, um contentor de abacate, com certificação electrónica fitossanitária, para o continente europeu, durante a visita oficial da delegação da União Europeia ao Corredor do Lobito.
Dentro os outros pontos constantes na Declaração Conjunta estão:
1. Reafirmação da Parceria Estratégica
•Os dois blocos celebram uma parceria “única e estratégica” construída em 25 anos.
•Comprometem-se a continuar a implementar a Visão Conjunta 2030.
•Reafirmam apoio ao multilateralismo, ao Direito Internacional e à Carta da ONU.
2. Conflitos Globais e Segurança
•UA e UE defendem respeito pela soberania e integridade territorial.
•Reafirmam apoio a soluções de paz para Ucrânia, Palestina, Sudão, RDC, Sahel, Somália e outros conflitos.
•Condenam atrocidades no Sudão e apoiam mediação africana.
•Enfatizam cooperação em terrorismo, extremismo violento, crime organizado, pirataria e cibersegurança.
3. Economia, Comércio e Desenvolvimento
•Destacam avanços do Pacote de Investimento África–Europa / Global Gateway.
•Reforçam apoio à industrialização africana, diversificação e integração na Zona de Comércio Livre Continental Africana (ZCLCA).
•A UE compromete-se a manter diálogo sobre medidas comerciais ambientais como o CBAM.
•Reconhecem dificuldades de dívida africana e pedem reformas na arquitectura financeira internacional.
4. Infraestruturas, Energia e Digitalização
•Acordam acelerar investimentos em energia verde, transportes e infraestruturas digitais.
•A UE destaca apoio ao Corredor do Lobito como projecto chave.
•Objectivo: electricidade limpa para 100 milhões de africanos até 2030.
•Compromisso conjunto com a transformação digital, IA confiável e literacia digital.
5. Agricultura, Clima e Biodiversidade
•Reforço das parcerias para segurança alimentar, agricultura sustentável e pesca.
•Reafirmação do Acordo de Paris e compromisso com metas climáticas globais.
•Reconhecimento de que a acção climática ainda é insuficiente e deve acelerar.
•Acordo em promover economia azul e combater tráfico de espécies, pesca ilegal e poluição.
6. Saúde e Educação
•Comprometem-se a reformar a arquitectura global de saúde, reforçar sistemas nacionais e apoiar a produção local africana de medicamentos.
•Enfatizam educação, ciência, tecnologia e intercâmbios juvenis.
7. Cultura e Restituição
•Compromisso com a protecção da diversidade cultural, direitos autorais e circulação de obras de arte.
•Incentivo à restituição de bens culturais africanos.
8. Migração e Mobilidade
•Prometem uma abordagem equilibrada à migração:
•Combate à migração irregular;
•Reforço de vias legais, especialmente para estudantes e profissionais;
•Apoio à diáspora africana e redução dos custos de remessas;
•Promoção da migração circular.
9. Reformas Globais e Multilateralismo
•Apoio ao Pacto para o Futuro e à reforma do Conselho de Segurança da ONU.
•Defesa de uma OMC mais equitativa e de maior inclusão de países africanos.
•Reconhecimento do legado histórico de escravatura, colonialismo e apartheid, enquadrado no tema africano “Justiça e Reparações”.
10. Implementação
•Será criado um mecanismo permanente de acompanhamento para monitorizar compromissos.
•A próxima cimeira será em Bruxelas.
•Agradecimento formal a Angola pela organização.
Mais de 80 delegações de países europeus e africanos estiveram reunidos em Luanda, para a Cimeira dos dois blocos, encerrada a instantes, e que decorreu sob o lema “Promover a Paz e a Prosperidade através do Multilateralismo Eficaz”.
A 8ª Cimeira vai decorrer em Bruxelas, em 2028.