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União Africana manifesta “apoio irrestrito” ao Roteiro de Luanda

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O apoio irrestrito ao Roteiro de Luanda foi manifestado este sábado, 25, pela União Africana, numa altura em que há uma escalada do conflito entre a República Democrática do Congo e o Ruanda, com Kinshasa a acusar Kigali de culpado pela morte do governador do Kivu-Norte.

No documento assinado pelo Presidente da Comissão da União Africana, Moussa Faki Mahamat diz estar a acompanhar “com grande atenção a deterioração da segurança e da situação humanitária no Leste da RDC”.

Ontem, o porta-voz do exército congolês, general Sylvain Ekenge, disse que as FARDC não permitirão que os rebeldes do M23 entrem em Goma, que está sitiada. A afirmação foi feita durante uma colectiva de imprensa com o Ministro da Comunicação e porta-voz do governo, Patrick Muyaya, e o ex-governador de Kivu-Norte e actual ministro do Comércio Exterior, Julien Paluku.

A guerra ainda não começou. Vai começar agora. Além disso, eles não poderão entrar em Goma. Isso é uma certeza”, insistiu o general Sylvain Ekenge.

Conforme o Correio da Kianda publicou anteriormente, quanto à morte do general Peter Cirimwami Nkuba, o porta-voz do exército indexa Ruanda como o autor deste assassinato: “o governador militar escapou da morte 24 vezes e morreu pela 25ª vez. Os ruandeses sempre procuraram eliminá-lo. Ele sempre foi o alvo de Ruanda. Ele era o inimigo jurado dos ruandeses. O primeiro tweet anunciando sua morte veio do número um da inteligência militar ruandesa”,  denunciou.

Moussa Faki Mahamat alegou estar a observar “com profunda preocupação as ameaças que tais acontecimentos representam para os esforços incansáveis ​​e significativos empreendidos no âmbito do Processo de Luanda, liderado pelo Presidente João Lourenço”.

“Expresso apoio irrestrito a tais esforços, que são a única maneira de resolver a tensão persistente entre a República Democrática do Congo e a República de Ruanda, por um lado, e entre o Governo da RDC e sua oposição político-militar, por outro”, lê-se no documento da organização africana.

Afinando no mesmo diapasão que a Organização das Nações Unidas, pediu, igualmente, a “observância do cessar-fogo acordado entre as partes e a cessação imediata de todas as hostilidades”.

A ONU estima que os conflitos no Leste da RDC tenham causado mais de 1,7 milhão de deslocados somente na província do Kivu-Norte. Em todo o país, mais de sete milhões de congoleses foram obrigadas a deixar a suas casas devido a confrontos.

A União Africana lançou também um apelo “urgente à comunidade internacional para que mobilize todo o apoio possível às populações afectadas pelos graves danos colaterais desta guerra em expansão”.

Roteiro de Luanda

O Roteiro de Luanda é o documento aprovado, na capital angolana, no dia 6 de Julho de 2022, durante a Cimeira Tripartida da Conferência Internacional sobre a Região dos Grandes Lagos (CIRGL), entre Angola, RDC e Ruanda, que aponta os caminhos para a pacificação do Leste da RDC.

Entre os vários pontos constantes neste documento, assinado pelos Presidentes Paul Kagame, Félix Tshisekedi e João Lourenço, na qualidade de presidente em exercício da Conferência Internacional sobre a Região dos Grandes Lagos e mandatário da União Africana, destacam-se a instauração de um clima de confiança entre os Estados da Região dos Grandes Lagos, a criação de condições ideais de diálogo e concertação política, com vista à resolução da crise de segurança no Leste da RDC, a normalização das relações políticas e diplomáticas entre a RDC e o Ruanda, assim como a cessação imediata das hostilidades.

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