África
União Africana deve intervir para travar onda de golpes de Estado em África, considera especialista
A tentativa do golpe de Estado no Níger resulta do “facto contágio”, defende o especialista em relações internacionais, Osvaldo Mboco.
O académico diz que, partindo do pressuposto que a região da CEDEAO em África foi a mais fustigada com golpes de Estado, nomeadamente no Mali, Burkina Faso, Guiné Conacri, essas práticas acabam por contagiar certas pessoas dos países da região que entendem que a melhor forma de se chegar ao poder é por via do golpe de Estado.
Mboco, é de opinião que, a sublevação militar terá sido motivação por aquilo que alguns entendem que o país esteja a ser mal governado, a falta de apoio necessário aos efectivos da guarda presidencial, à semelhança de outros órgãos castrenses, razão pela qual, o exército demarcou-se, caso contrário, o cenário seria diferente.
Os autores que engendraram esse golpe serão responsabilizados criminalmente, caso a intenção redunde em fracasso.
Osvaldo Mboco defende que, para África travar a onda de golpes de Estado, passa pelo não reconhecimento dos governos que resultam de golpes, isso é, da parte da União Africana, e da comunidade internacional. Outra perspectiva para inibir as sublevações, é consolidar as instituições para travar tais práticas, os militares devem desempenhar o seu papel enquanto órgão republicano, e, não se imiscuir nas questões políticas, defendeu, o também professor universitário.
Entretanto, o Chefe da diplomacia do Níger afirmou que: “nós somos as autoridades legítimas.”
Na capital do Níger, grupos de manifestantes saíram às ruas em protesto contra a tentativa de golpe de Estado, que agora parece consumada, e em apoio ao Presidente, Mohamed Bazoum, eleito democraticamente, mas, entretanto, foi detido por elementos da Guarda Presidencial.
A tentativa de golpe mereceu a condenação da comunidade internacional. A União Africana, França, EUA e a União Europeia condenaram a acção e apelaram à libertação do presidente e da família. O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, também “condenou firmemente a mudança anticonstitucional do governo.”
Os soldados do Níger, que dizem representar “forças de defesa e segurança”, anunciaram na televisão que derrubaram o Governo, dissolveram a constituição e fecharam as fronteiras.
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