Mundo
Como um simples vestido pode proteger uma criança
São meninas até aos 12 anos as principais destinatárias dos vestidos costurados pelas voluntárias do projecto Dress a Girl Around the World. Moram em comunidades pobres de qualquer país do mundo, sendo muitas vezes vítimas de agressão sexual. A principal missão do projecto fundado pela americana Rachel Eggum Cinader, em 2009, é precisamente proteger o corpo destas crianças, afastando assim os predadores sexuais.
A brasileira Vanessa Campos, 49 anos, começou por ser voluntária na Florida, onde os seus conhecimentos básicos de costura eram suficientes para fazer os vestidos. Depois de ter trabalhado mais de vinte anos no mercado financeiro, o que a levou a morar nos Estados Unidos da América e até em Hong Kong, Vanessa resolveu parar e mudar de vida. No fim de 2015 já tinha feito uma road trip por mais de 25 cidades portugueses, durante três meses. Em maio de 2016 instalou-se em Cascais e quis dar continuidade ao Dress a Girl Around the World, tornando-se sua embaixadora em Portugal. “Estou devolvendo a Portugal o que os meus avós deram ao Brasil”, diz Vanessa, filha e neta de portugueses, avô alfaiate e avó costureira.
Habituada a comprar tecidos a três dólares o metro, quando iniciou por cá a procura das matérias-primas achou tudo demasiado caro. Depois de ter falado com as donas da The Craft Company recebeu a resposta de que podia usar o ateliê da loja para costurar… mas faltavam as costureiras. Organizada uma primeira sessão de costura apareceram 25 voluntárias. Em seis meses fizeram 808 vestidos que foram distribuídos por cinco países de África. Um ano depois do início do projecto, a 19 de julho, já tinham sido contabilizados 6 247 vestidos, entregues a meninas de 12 países. O número cresceu graças ao modelo de trabalho que entretanto foi replicado em duas dezenas de ateliês por todo o País, desde Porto, Coimbra, Viana do Castelo, Matosinhos ou Açores. “São verdadeiros ateliês solidários que deixam as voluntárias de coração cheio cada vez que veêm uma fotografia de uma menina a receber um vestido”, conta Vanessa.