Opinião
Um caminho perigoso e sem retrocesso
Por: Osvaldo Mboco
Estamos a criar uma sociedade de pessoas intolerantes, uma sociedade onde a ideia de outrem não é respeitada quando é diferente da nossa. Isso é grave, é muito grave para a unidade nacional, para a coesão política e para o processo de reconciliação nacional.
Os políticos têm uma responsabilidade acrescida. Não podem usar discursos incendiários que visam apelar ao ódio e à violência. Na competição política não vale tudo quando se está em jogo o interesse nacional. O país vem primeiro em relação aos interesses de partidos políticos. Vamos discutir o país e os políticos vão fazer política mas sem violência.
Confesso que tenho medo de 2022 por ser ano eleitoral, tenho medo que o país viva uma crise pós-eleitoral muito mais devido à intolerância política. Esta intolerância pode gerar convulsões e as convulsões podem gerar outra palavra, que até tenho medo de escrever.
Permitam-me parafrasear Achille Mbembe “ (…) Os ciclos eleitoras em África são sinónimos de ciclos sangrentos (…).” Temos de olhar para outras realidades no mundo, em particular em África, a título de exemplo ver o que houve no Rwanda onde a intolerância deu lugar ao ódio e à violência e, logo a seguir, ao genocídio, e uma guerra sem precedentes instalou-se naquele país africano. Graças a Deus, o Rwanda reencontrou-se.
Não precisamos passar pelo mesmo caminho. Temos uma paz que ainda não conseguiu sarar as feridas de uma das guerras mais violentas de África.
As redes sociais tornaram-se num verdadeiro palco de intolerância e falta de respeito. Ter uma opinião diferente não lhe dá o direito de proferir ofensas contra a honra e a dignidade de outrem. É só uma opinião que pode ser rebatida com outra sem necessidade do recurso à ofensa. Ofender é sinónimo de falta de ideias claras para rebater ou sustentar argumentos. No final do dia, queremos todos uma Angola melhor. Então, nada melhor que fundamentarmos as nossas convicções, as nossas diferenças ideológicas partidárias com base no princípio da UNIDADE NA DIVERSIDADE. ANGOLA precisa de todos os filhos que amam e servem o país. Precisamos construir uma nação mais inclusiva e mais participativa.
VIVA ANGOLA!