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Tshisekedi, quinto Presidente da RD Congo, vence a batalha que o pai travou
Félix Tshisekedi promete unir o povo congolês.
O opositor Félix Tshisekedi tornou-se esta quinta-feira o quinto Presidente da República Democrática do Congo (RDCongo), vencendo assim a batalha travada pelo pai, Étienne, figura histórica da oposição congolesa, com uma breve passagem pelo poder nos anos 1960.
Ironicamente, é agora a oposição que contesta a sua eleição.
A sombra do pai, que morreu em Bruxelas no dia 1 de fevereiro de 2017, pairou hoje na cerimónia de tomada de posse, onde os seus apoiantes, misturados com as autoridades, gritavam: “Félix, não esqueças o que o teu pai disse: as pessoas, primeiro”.
“Nós fomos seus fervorosos adversários políticos, senhor Presidente”, lembrou Félix Tshisekedi ao chefe de Estado cessante, Joseph Kabila, aludindo a si próprio e ao seu pai.
Etienne Tshisekedi desafiou o Presidente Kabila em 2011 e denunciou a fraude da sua reeleição.
O filho recusou-se a sentar na Assembleia Nacional. Mas agora, é ele, que é acusado pelos opositores apoiantes de Martin Fayulu de ser cúmplice de um “golpe eleitoral” organizado por Kabila.
“Fatshi”, como é conhecido, fez campanha com apoio da máquina fundada pelo seu pai na década de 1980 para lutar contra a ditadura do marechal Mobutu, a União para a Democracia e o Progresso Social (UDPS).

JEROME DELAY
Tshisekedi Jr., 55 anos, foi sem surpresa nomeado presidente e candidato da UDPS em abril do ano passado na sede histórica do partido em Limete, uma das 26 comunas de Kinshasa.
Nascido em junho de 1963, Félix-Antoine Tshisekedi é o terceiro de uma família de cinco filhos. Aos 19 anos, seguiu o seu pai, que tinha sido enviado por Mobutu para uma aldeia de Casai, um episódio que o marcou.

Aos 22 anos, “Fatshi”, foi para o exílio na Bélgica, acompanhado pela mãe e irmãos. À sombra da figura paterna, Félix subiu todos os degraus da UDPS e foi eleito deputado nacional em Mbuji-Mayi em 2011.
No final de 2016, pouco antes da morte de seu pai, liderou as negociações entre maioria e oposição, sob a égide da Igreja Católica, que levaram ao adiamento das eleições.
Tshisekedi Jr. terá supostamente recusado o cargo de primeiro-ministro, enquanto o Presidente Kabila permaneceu no poder para além do final de seu segundo e último mandato.
Casado e pai de cinco filhos, a sua candidatura às eleições presidenciais foi validada quando cresciam rumores em torno da validade do seu diploma tirado numa escola de negócios e comunicação em Bruxelas.
Entre as prioridades do novo Presidente está a organização de funerais nacionais para o seu pai, Étienne, que morreu em Bruxelas em 1 de fevereiro de 2017.

Étienne Tshisekedi wa Mulumba foi um político congolês que liderava a União para a Democracia e Progresso Social, um partido político na República Democrática do Congo.
Os restos mortais do “Sphynx” ainda estão na Bélgica, por falta de acordo com o poder para realizar um funeral no país.
“Eu não gosto de falar sobre isso, é doloroso”, disse Tshisekedi.
O novo chefe do Estado quer também obter a tão desejada paz no nordeste e centro do país, além de acabar com a corrupção e impulsionar o crescimento da economia.
Além de se tornar o quinto presidente da República Democrática do Congo, Tshisekedi é igualmente protagonista da primeira transição pacífica de poder na história deste país, o maior da África Subsaariana.
“A República Democrática do Congo que formámos não será um Congo de divisão, ódio ou tribalismo”, disse, no discurso de tomada de posse.