Sociedade
Troca de cadáveres no Zaire: ancião é enterrado por engano, familiares exigem exumação
Uma família no município do Nzeto, província do Zaire, sepultou por engano, um ancião de 75 anos, quando a verdadeira família estava em preparação para enterrar neste fim-de-semana. A notícia foi avançada pelo Jornal de Angola, na última sexta-feira.
De acordo com o porta-voz da delegação provincial do Ministério do Interior no Zaire, inspector-chefe, Sérgio Afonso, tudo ocorreu numa altura em que os membros da igreja do defunto “João País”, de 80 anos, dirigiram-se à morgue do Hospital Municipal do Nzeto, ao invés de retirarem o cadáver do seu ente-querido, levaram um outro pertencente ao cidadão que atendia em vida pelo nome de ” Manuel Alfredo”, 75 anos.
A situação caracterizada de inédita na região, criou uma confusão entre as duas famílias que exigiram a intervenção das autoridades competentes.
“Os factos aconteceram quando membros da igreja do falecido João País, entre prantos e tristeza, dirigiram-se à unidade hospitalar do Kitana no Nzeto, concretamente na morgue, para retirarem os restos mortais do seu ente querido (João País), estes por negligência durante a identificação do infeliz, retiraram o cadáver do cidadão Manuel Alfredo e, foram sepultar, deixando o que lhes pertencia na referida morgue”, explicou.
Como tal, os parentes do falecido, Manuel Alfredo, exigem agora a exumação dos restos mortais do seu ente querido, a fim de realizarem um novo funeral que julgam à altura, na aldeia natal, Kindege.
O facto, segundo o porta-voz, foi revelado na quinta-feira, 23, ao Serviço de Investigação Criminal (SIC), por Daniel Afonso Filu, 54 anos, por sinal, sobrinho do falecido Manuel Alfredo, após constatarem a ausência do corpo do seu ente querido na gaveta da morgue do Hospital Municipal do Nzeto.
“Este informou ao SIC que, o cadáver do seu tio que em vida atendia pelo nome de Manuel Alfredo, 75 anos, foi retirado da morgue do Hospital do Kitana e, sepultado no cemitério municipal do Mbalala, no passado dia 22 de Fevereiro do corrente ano, sem o consentimento da família, quando o mesmo deveria ser enterrado na sua aldeia natal, Kindege”, avançou o porta-voz.
Ismael Domingos, patente do falecido João País, alega que o erro terá sido cometido pelos membros da igreja que haviam assumido a deslocação à morgue para preparação do corpo e a colocação no caixão.
“Nós os parentes não fomos à casa mortuária, porque os membros da igreja haviam assumido essa responsabilidade de preparar o corpo na morgue, foi onde partiu este erro, ou troca de cadáveres. Em todo caso, vamos reunir para posterior tomar uma decisão sobre quais serão os próximos passos”, explicou.
Ao passo que, Carlos Manuel Segundo, membro da família lesada, frisou que, uma vez enterrado e, a lei não permite exumação antes de cinco anos, o corpo vai permanecer no mesmo local e Administração municipal responsabilizou-se na construção, dentro de um mês, da campa do seu ente querido.
“Na reunião que foi realizada com as autoridades competentes e a família, exigimos a exumação do nosso ente querido Manuel Alfredo, mas como a lei angolana só permite o acto daqui a cinco anos, em função disso, ficou acordado que a outra família que cometeu este erro, deverá fazer a devolução dos valores da urna, bem como Administração municipal encarregou-se de construir a campa dentro de um mês”, acrescentou.
Por seu turno, o director administrativo do Hospital municipal do Nzeto, Dula Bundu, atribuiu a culpa à família do malogrado João País, uma vez que haviam rodas as directrizes na morgue.
“Foi uma distracção da família que foi tirar o corpo na morgue, porque, antes de se colocar um cadáver na morgue, nós exigimos sempre a presença de alguns parentes do falecido para ver a gaveta, também fizemos o registo. Agora, não sabemos de que forma trocaram os corpos, tendo em conta que, lavaram o cadáver, vestiram-no e mesmo assim, não conseguiram identificar, é impossível! Este é um caso aconteceu pela primeira vez aqui no Nzeto”, esclareceu.
Na ocasião, o responsável apelou a toda sociedade que, em casos do género, deve haver maior concentração e controlo, apesar da perda, no sentido de evitarem-se situações tristes como a que aconteceu no Nzeto.