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Tribunal da ONU inicia hoje julgamento do caso movido por Pretória a favor da Palestina
EUA consideram que queixa sul-africana é uma obra de diversão, e Telavive toma Pretória por hipócrita. E promete defender-se.
O Tribunal Internacional de Justiça, principal órgão judicial da ONU, inicia hoje a ouvir os argumentos de razão da África do Sul, que moveu um processo de genocídio contra Israel, por conta da técnica militar que os judeus estão a utilizar na guerra contra o Hamas na Palestina.
O país de Nelson Mandela, que sofreu com a segregação racial até ao fim do século passado, não tem dúvidas de que Israel esteja a optar por uma estratégia de eliminação total dos palestinianos.
Já antes de mover o processo, o governo de Cyril Ramaphosa chamou o seu embaixador em Israel para consultas, tendo mais tarde o seu Parlamento, a Legislatura Bicamaral de Pretória, formada pela Assembleia Nacional e o Conselho Nacional de Províncias, determinado o corte na relação com Telavive.
A posição de repúdio da África do Sul, território que agora se revela perigoso para os judeus, face ao aumento de antissemitismo, não é nova, mas se tem intensificado.
Para Israel, a África do Sul radicalizou-se, sendo que alguns observadores são do entendimento de que a nova forma de actuação sul-africana resulta do antagonismo entre o Ocidente e o BRICS, a organização em que a África do Sul faz parte com a Rússia, China, Brasil e Índia, e que agora também aderiram o Irão, e entre outros Estados com pouca ou sem prática democrática.
No caso vertente, dado ao que considera de “dano contínuo, extremo e irreparável sofrido pelos palestinos em Gaza”, a África do Sul pede no processo que o tribunal decrete medidas de emergência, incluindo ordenar que Israel cesse imediatamente as operações militares, bem como todos os “actos genocidas”.
Os Estados Unidos da América, maiores aliados de Israel à face da terra, já reagiram, sublinhando que o processo sul-africano não passa de uma obra de diversão.
Israel, por sua vez, cuja audição está marcada para amanhã, sexta-feira, 12, toma por hipócrita o governo sul-africano, e promete defender-se adequadamente.