Ligar-se a nós

Opinião

Três anos de guerra na Ucrânia: o caminho para a paz

Publicado

em

Passaram-se três anos desde que a invasão russa à Ucrânia redefiniu a ordem internacional e trouxe de volta ao centro do debate a fragilidade da paz na Europa. Durante este período, milhares de vidas foram ceifadas, milhões de pessoas foram deslocadas, e a economia global sofreu abalos significativos. Hoje, com a presença de diversos líderes internacionais em Kiev para demonstrar solidariedade, é fundamental questionar: estamos mais próximos da paz ou presos num conflito prolongado sem solução à vista?

No tabuleiro geopolítico, os discursos dos principais actores continuam a demonstrar impasses. O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, reiterou recentemente que qualquer negociação deve incluir a Ucrânia como parte activa, rejeitando soluções impostas por terceiros. Por outro lado, o presidente russo, Vladimir Putin, reforçou a sua posição de que os territórios ucranianos anexados “não estão à venda”, demonstrando uma inflexibilidade que dificulta avanços diplomáticos. Enquanto isso, os Estados Unidos, sob a administração de Donald Trump, exploram possíveis acordos de paz, embora sem a devida inclusão de Kiev nas negociações.

A Europa, por sua vez, reforça o seu compromisso com a Ucrânia. A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, e outros altos representantes europeus estiveram em Kiev para reafirmar a solidariedade do bloco. Este apoio, no entanto, não se traduz em garantias concretas para um fim imediato do conflito, uma vez que a ajuda é condicionada por limitações políticas e militares.

A necessidade de um cessar-fogo imediato

A paz não é um conceito abstrato, mas uma necessidade urgente. Um cessar-fogo imediato é essencial para evitar mais mortes e destruição. No entanto, para que seja eficaz e não apenas um interlúdio antes de uma nova escalada, deve ser acompanhado de um compromisso sério para negociações de paz estruturadas.
Os princípios básicos para um acordo duradouro devem incluir:

Inclusão da Ucrânia nas negociações

Qualquer acordo assinado sem a participação ativa do governo ucraniano será um fracasso anunciado. A soberania de um país não pode ser negociada por terceiros.

Respeito pela Integridade Territorial

Nenhum acordo de paz será sustentável se for baseado na imposição de perdas territoriais à Ucrânia. As fronteiras internacionalmente reconhecidas devem ser respeitadas.

Garantias de Segurança Reais

A Ucrânia precisa de mecanismos concretos de proteção, seja por meio da NATO, de alianças bilaterais ou de um novo modelo de segurança europeia.

Pressão Diplomática sobre Moscovo – A comunidade internacional deve reforçar a diplomacia como ferramenta de pressão, exigindo um compromisso real da Rússia para o fim do conflito.

Plano de Reconstrução e Apoio Humanitário – Milhões de ucranianos estão deslocados, e a infraestrutura do país foi devastada. Um fundo de reconstrução deve ser estabelecido para garantir a estabilidade pós-conflito.

Um futuro possível?

Os três anos de guerra demonstraram que o conflito não pode ser resolvido apenas no campo de batalha. As sanções contra a Rússia impactaram a sua economia, mas não conseguiram alterar significativamente a sua estratégia. Por outro lado, a resistência ucraniana tem sido notável, mas não é sustentável indefinidamente sem uma solução diplomática.

Chegou o momento de a comunidade internacional, em especial as Nações Unidas e a União Europeia, assumirem um papel mais ativo na mediação do conflito. Não basta apoiar a Ucrânia militarmente; é preciso trabalhar ativamente para uma solução política duradoura.

A paz é possível, mas apenas se houver vontade política genuína de ambas as partes e dos atores internacionais. O mundo não pode assistir passivamente a mais um ano de destruição e sofrimento. A história julgará aqueles que tiveram a oportunidade de agir e escolheram a inércia.




© 2017 - 2022 Todos os direitos reservados a Correio Kianda. | Este material não pode ser publicado, transmitido por broadcast, reescrito ou redistribuído sem prévia autorização.
Ficha Técnica - Estatuto Editorial RGPD