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Economia

Trabalhadores do Grupo Pinto Conto a quatro meses sem salários

Com menos de 35 mil kwanzas por mês, trabalhadores querem, aumento de salário e pedem melhores condições de trabalho.

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Efectivos do serviço especial de segurança (CGAT), do Grupo Pinto Conto & Filhos, acusam a direcção da empresa de violar uma série de obrigações fundamentais para com os empregados, com destaque para a falta de regularidade no pagamento de salários, que estão há mais de quatro meses atrasados.

Os seguranças, que falaram sob anonimato, para evitar represálias, afirmam desconhecer as verdadeiras razões para os referidos atrasos, uma situação que se regista desde o princípio deste ano, por terem informações de que o Banco de Poupança de Crédito (BPC), instituição a que prestam serviço de protecção física, paga mensalmente a empresa de Pinto Conto, no dia 17 de cada mês.

Além de ser ínfimo para as despesas familiares, os efectivos da área de segurança lamentam a forma como os 34 mil kwanzas de salário auferido lhes são pagos mensalmente.

“Mesmo a prestarmos serviço para uma instituição bancária e, numa altura em que o mundo se moderniza cada
vez mais, nós ainda recebemos em mãos”, queixam – se os seguranças.

Para suportarem pequenas despesas com a família, inclusive o pagamento da renda de casa, boa parte dos operativos da CGAT é obrigada a fazer empréstimos nos bairros em que vive, para pagar com taxas de juros bastante altas, dada a demora que levam para ressarcir os valores concedidos.

Embora a empresa cumpra os turnos, outra situação que preocupa é o facto de os trabalhadores queixosos nunca terem beneficiado de licença disciplinar nem do direito a qualquer subsídio,
como o de férias e o de Natal.

“Descontam-nos a segurança social, mas não sabemos quanto”, afirmam, apelando à intervenção da Inspecção
Geral do Trabalho. Os queixosos dizem ter já relatado a situação ao Ministério do Trabalho, mas a situação parece não ter a atenção devida, numa altura em que acusam os responsáveis da área a que pertencem de proferir ameaças aos trabalhadores reclamantes.

“Quando tentamos nos queixar, eles dizem que quem não quer trabalhar deve abandonar o emprego, porque reclamar não dará em nada, uma vez que o patrão é homem do poder no país”, acusam para avançar que, além
do compromisso com o salário, a empresa nada mais faz por eles.

O grupo de seguranças lamenta o facto de estar a trabalhar sem contrato algum com a entidade empregadora e, por causa disso, a nível da CGAT, os homens da protecção desconhecem a sua situação contratual.

Aumento salarial

O pessoal da área de segurança apela à direcção da empresa para aumentar os salários, para cerca de 75 mil kwanzas como tinha sido prometido. Para eles, os actuais 34 mil kwanzas mensais não chegam nem para cobrir 20 por cento das necessidades com a alimentação, vestuário e estudo dos filhos. A situação é ainda mais grave quando se trata de trabalhadores que vivam em casas arrendadas.

Mas, além da falta de condições para assegurar as despesas domiciliares, os homens da guarda da CGAT confirmam que alguns colegas estão a assistir as famílias a desmoronar. Dizem que as mulheres estão a abandonar os maridos e os filhos a ficar sem escolas.

Os seguranças pedem ainda a melhoria das condições de trabalho, principalmente dos uniformes, com destaque para fardas, botas e cinturões, e o aperfeiçoamento das técnicas de protecção e defesa.

Direcção aponta má-fé

Em resposta, Vasco Buambua, responsável pela área de segurança, embora tenha confirmado os atrasos salariais, negou todas as outras acusações dos trabalhadores, remetendo o caso para questões de má-fé.

Numa conversa não gravada, o responsável considerou os trabalhadores de ingratos, mas assegurou que os salários estão a ser pagos paulatinamente, estando apenas dois
meses por liquidar.

Sem aceitar abordar pormenorizadamente as razões dos atrasos salariais, o responsável da área justificou
que uma certa incapacidade financeira estará na base do facto, tendo acusado os trabalhadores de culpados pelo não pagamento via bancária, dada a falta de organização e interesse destes.

Quanto aos passes pessoais e cartões da segurança social, Vasco Buambua exibiu-os, para avançar posteriormente que “são os trabalhadores que nunca se disponibilizam a vir pegá-los. Não se paga absolutamente nada para os levantar”, assegura.

Outras questões colocadas pelo repórter, o responsável preferiu não responder, assegurando apenas que a direcção está aberta ao diálogo. Mas, avisou, que “quem quiser deixar a empresa, escreva e vamos oficializar as contas e deixar que ele vá em paz”, rematou Vasco Buambua.

JA

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