Cultura
“Tito Paris condicionou o concerto ao pagamento das apresentações anteriores”
Quem o diz é o responsável da produtora Grandes Mundos, Renato de Menezes, a quem coube a responsabilidade de trazer o músico Tito Paris a Angola para três espectáculos, sendo que o último não aconteceu, no âmbito de uma digressão em alusão às festividades dos 17 anos de Paz em Angola.
O imbróglio envolve o músico Tito Paris, a produtora Grandes Mundos e o projecto Palco do Semba. Esta última tornou público um documento, em que responsabiliza a produtora Grandes Mundos pelos danos causados pela ausência do músico Tito Paris na última edição do projecto Palco do Semba, agendada para o último Domingo, 7, no jango da União dos Escritores Angolanos. Por sua vez, Renato de Menezes, contactado por este jornal, explicou que as razões que levaram a que o terceiro concerto não acontecesse, nada tem que ver com um incumprimento de pagamento, mas sim tratou-se de chantagem do músico, que exigia os pagamentos das anteriores apresentações sob pena de não comparecer no terceiro.
“Tito Paris veio a Angola para uma tournée da Paz, numa co-produção da Grandes Mundos e da sua assistência. Inicialmente faria quatro apresentações, uma das quais na cidade de Benguela, que não foi possível e então ficamos por três”, começa a contar Renato de Menezes. “Daí que se apresentou em Talatona e Viana, mas estes concertos não renderam o que se esperava da bilheteira e os nossos parceiros não honraram alguns compromissos, e, por esse motivo, o músico não tinha ainda sido pago”, refere. Entretanto, conta, o terceiro concerto estava agendado para Domingo.
E por essa altura os responsáveis pelo projecto “Palco do Semba” já haviam pago 2 milhões de Kwanzas em duas fases, pelo que o músico havia recebido deste valor 2 mil euros. Assim, faltavam os restantes dois para totalizar os 4 mil euros conforme combinado. Nisto, o músico condicionou a sua comparência em palco ao pagamento dos valores das apresentações anteriores e os restantes 50 por cento de Domingo, sob pena de não pisar o “Palco do Semba”. Todos esforços envidados fracassaram, por tratar-se de um dia sem actividade comercial para o efeito. Ainda assim, continuaram os esforços, mas passadas algumas horas, o músico e o seu agente, por sinal seu filho, Dai Paris, saíram do hotel para parte incerta pelo que foi impossível contactá-los.
Palco do Semba
Deste modo, de regresso ao local da actividade onde o músico era aguardado, a produção foi comunicada que o concerto não havia de acontecer. Assim, as duas partes tiveram de se sentar à mesa, e a “lesada”, (Palco do Semba), exigiu de forma contundente o reembolso de 12 milhões de Kwanzas, quando o contrato previa a remarcação para uma nova data. “Isso não aconteceu. O meu sócio e eu ficamos bloqueados das 17 horas até às 23 horas, fomos coagidos a assinar um novo contrato de 12 milhões de Kwanzas e o carro do sócio ficou bloqueado até que pagássemos parte deste valor. No dia seguinte, fizemos a transferência de 4 milhões de Kwanzas para a conta de Luís Nunes e recebemos o carro de volta apenas na Terça-feira”, argumentou Renato de Menezes com semblante triste. Por esses motivos, a Grandes Mundos sente-se traída e chantageada por Tito Paris, assim como desiludida com o projecto Palco do Semba, que rompeu o compromisso previamente acordado, pelo que já o caso foi remetido às instâncias judiciais.
O projecto
O Palco do Semba tem pergaminhos, e por lá já passaram vários nomes da música angolana, entre eles Yola Semedo, Conjunto Angola 70, Lulas da Paixão, Maya Cool, Banda Movimento, Eddy Tussa, Pedrito, Eduardo Paim, Puto Português, Banda Maravilha, Euclides da Lomba e Kyaku Kyadaff.
Fonte: OPAIS