Connect with us

África

Terrorismo – o inimigo que foge do Médio Oriente para ganhar terreno e espalhar o caos em África

Published

on

Para Macky Sall, antigo presidente do Senegal, o Ocidente abandonou o continente berço para combater sozinho o terrorismo, um fenómeno que há muito não tem lugar nas capitais europeias e em Washington. Por outro lado, observadores recordam que novas lideranças africanas estão a trocar o parceiro ocidental pelos russos.

O terrorismo não é um fenómeno africano, e não tinha a África como palco. Perpetrado maioritariamente por nativos árabes e religiosos islâmicos, vinham usando deste mal para aterrorizar os seus países árabes cujo governos estivessem, na sua constatação, a abandonar a prática e tradição islâmica para abraçar o modus vivendi ocidental, de liberdade em quase tudo, de vestimenta por parte de homens e mulheres, orientação sexual e entre outros.

Mas tão cedo identificaram outro inimigo a abater, o Ocidente capitaneado pelos Estados Unidos da América. Há quem defenda que povos árabes desenvolveram a prática do terrorismo para fazer face às ocupações de seus países, que se deram séculos atrás, como a inglesa, e russa no Afeganistão. Em posição contrária, há um segmento que refere que os actos protagonizados na altura contra os Otomanos, ingleses e/ou russos, não eram actos terroristas, mas de libertação, como ocorreu em diferentes pontos de África, então dominados por portugueses, franceses, ingleses, belgas e espanhóis.

Entretanto, no caso vertente, cedo, os cidadãos árabes perceberam que o culpado não eram só os seus governantes, que passaram também a mudar o estilo de vida das populações para o atractivo modo ocidental, mas também que, em muitos casos, os ocidentais faziam uma espécie de aprisionamento dos governantes árabes para ganhos maioritariamente petrolíferos.

E transferiram o terrorismo para as capitais europeias e americanas, sobretudo nos Estados Unidos da América, visando levar aqueles que identificaram como inimigos a abandonar o Médio Oriente.

Mas com o tempo, uma vasta rede de empresários viu no terrorismo uma via de captação de receitas, ocupando territórios com serviços de defesa e segurança frágeis, como em África, por exemplo, por um lado para fazer deles centros de treinamento, e, por outro lado, para se aproveitar das riquezas destas terras ocupadas, combatendo os governos. Embora, sublinhe-se, ainda tenha permanecido a razão tradicional do terrorismo, o expansionismo da cultura e a prática religiosa, como ocorre na Nigéria.

Entretanto, o foco do terrorismo deixou de ser o Médio Oriente e o mundo ocidental, e passou a ser o continente africano, face aos recursos à disposição no solo.

Macky Sall, antigo presidente do Senegal, percebe bem a dimensão da proliferação do terrorismo em África, porém, peca ao apontar o dedo exclusivo ao Ocidental, que na sua perspectiva, abandonou a África nesta luta.

Para diferentes experts citados em diversos meios, há vários factores que concorrem como razão e facilitação da proliferação de grupos terroristas em África, nomeadamente: a ausência da consciência nacional por parte dos cidadãos e dos governos; a corrupção, que leva ao desvio de bens que seriam canalizados para o reforço e apetrechamento da segurança; falta de literacia de segurança; fraco nível de instrução; obstinação pelo poder permanente de um pequeno grupo; pobreza e fome.

A proliferação…

Como escreveu o Correio da Kianda na semana passada, a situação de terrorismo continua alarmante no Burkina Faso e no Mali.

Os Governos de militares golpistas de ambos os Estados revelam incapacidade de continuarem a administrar os seus países, quer em termos de gestão governativa, quer em termos de segurança.

De acordo com a actualização de Agosto da Central África, um organismo que visa a actualização dos factos no continente berço, estima-se que 60% do território do Burkina Faso esteja fora do controlo dos militares, sendo que no Mali a dimensão geográfica fora do controlo do Estado foi estimado em 40%.

Dados do referido Centro, consultados hoje pelo Correio da Kianda, indicam que estes conflitos que a África enfrenta está provocar grande número de refugiados. Deslocados internos e requerentes de asilo cresceu 14% no ano passado – para mais de 45 milhões de pessoas.

“O número de africanos deslocados à força por conflitos e regimes repressivos aumentou pelo 13º ano consecutivo – para mais de 45 milhões de pessoas. Compreendendo pessoas deslocadas internamente (IDPs), refugiados e requerentes de asilo, esse número representa um aumento de 14% em relação ao ano anterior. Com 3% de sua população total deslocada à força, a África tem uma parcela maior e um número absoluto de pessoas deslocadas à força do que qualquer outra grande região do mundo”, lê-se no relatório.

E face a este crescimento persistente do deslocamento, sublinha o estudo, houve uma duplicação da população deslocada à força na África desde 2018. Três quartos dessas pessoas – 34,5 milhões – são deslocados internos. Isso representa quase triplo do número de deslocados internos na África desde 2017.

O relatório reforça que com 1,9 milhão de novos deslocados internos relatados desde o início de 2024, a África agora abriga mais de 48% dos deslocados internos do mundo.

Remédio…

Experts sugerem aos países africanos que ao invés de cortarem relações e parcerias com os ocidentais, e abraçarem parcerias de segurança com o Grupo Wagner, por mediação russa, a renegociarem a parceria com o mundo ocidental, tornando a parceria mais robusta, a exemplo do que o ‘Governo angolano’ está gradualmente a fazer com os Estados Unidos.

Para analistas, dado o facto de os africanos terem andado cego, e não aproveitaram a parceria com os países ocidentais, torna-se prematuro reduzir em mais de 50% a parceria. Deve-se robuster a parceria, mas com o foco no que se pretende, melhorar a economia – visando diminuir a dependência; melhorar os serviços e mecanismos de segurança; apostar na educação e na consciência nacional dos cidadãos…




© 2017 - 2022 Todos os direitos reservados a Correio Kianda. | Este material não pode ser publicado, transmitido por broadcast, reescrito ou redistribuído sem prévia autorização.
Ficha Técnica - Estatuto Editorial RGPD