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Tentativa de Donald Trump invadir Nigéria visa criar caos em África, diz analista

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A imprensa nigeriana anunciou, para os próximos dias, um encontro entre Donald Trump e Bola Tinubu, que pode ocorrer na Casa Branca, em Washington, num momento em que o presidente dos EUA ordenou ao Pentágono que comece a planear uma acção militar na Nigéria, enquanto intensifica as suas acusações de que o Governo local não está a controlar a perseguição a cristãos naquele país da África Ocidental.

Sobre o assunto, o académico Rui Verde disse que Donald Trump tornou-se um dos maiores factores de instabilidade no mundo.

“Uns dias escreve e não faz, outros dias faz e não escreve, nunca se sabe o que é que vai sair dali”, afirmou.

O também docente universitário avançou que agora há a ameaça de invadir a Nigéria para proteger os cristãos nigerianos, que, segundo ele, estão a ser assassinados por terroristas islâmicos, pelo que pensa que, neste momento, em todo o mundo, “as antigas ideias de soberania, de fronteiras definidas estão a ser ultrapassadas”.

A explicação, segundo Rui Verde, é que os países começam a se sentir à vontade para mudar fronteiras, com vista a invadir outros territórios e para alterarem os equilíbrios que estavam razoavelmente estabelecidos.

Rui Verde vai mais longe ao afirmar que Trump está a contribuir para esta indefinição.

Em África, citou como exemplo o caso do Ruanda e da República Democrática do Congo, em que, obviamente, se assiste a uma redefinição de fronteiras, com a complacência dos Estados Unidos, que espera obter vantagens minerais.

No caso da Nigéria, o nosso entrevistado disse que o facto de Trump ter dado ordens ao exército, às forças armadas norte-americanas, para se prepararem para uma intervenção na Nigéria para “salvar os cristãos”, questionou, como é que há plataformas logísticas para fazer essa intervenção norte-americana na Nigéria?

Actualmente, os EUA possuem uma base no Djibuti, que é a maior no continente, e instalações em países como Quénia, Egipto e Senegal que pode accionar facilmente para uma possível intervenção na Nigéria.

A segunda dúvida de Verde, prende-se com o que chama de “grande problema sobre o desencadear de uma guerra religiosa entre cristãos e muçulmanos”.

Essas acções vão contra a política de Donald Trump no Médio Oriente, em que tenta colocar os judeus e os muçulmanos em paz.

Verde encara que em África, Trump está a fomentar essa guerra religiosa, num país que, supostamente, é soberano, “embora se saiba que tem muitas falhas de governação”. Pra atingir este desiderato, o estadista norte americano quer começar na Nigéria. Entretanto, “nunca sabemos onde é que as intervenções de Trump irão acabar”.

À semelhança do que quer fazer na Nigéria, é o caso da ameaça de intervenção na Venezuela. Neste contexto, disse o especialista luso, neste momento, “Trump é o rei do caos e está a criar o caos por todo o mundo”.

“Obviamente que estas afirmações sobre a Nigéria são graves. Como é grave haver assassinos de cristãos sem reação aparente oficial, é grave os Estados Unidos proporem saltar por cima do governo da Nigéria para invadir a Nigéria. Começa a ser tudo demasiado caótico, demasiado anárquico, e a indiciar um mundo cada vez pior”, disse.

O académico pensa que, “o bom senso, a racionalidade estão a sair da mente dos grandes decisores internacionais e a ser substituído por emoções rápidas, para aumentar as notícias 24 horas sobre 24 horas, sem qualquer sentido. Isto é muito perigoso”, disse o também jurista.

Jornalista multimédia com quase 15 anos de carreira, como repórter, locutor e editor, tratando matérias de índole socioeconómico, cultural e político é o único jornalista angolano eleito entre os 100 “Heróis da Informação” do mundo, pela organização Repórteres Sem Fronteira. Licenciado em Direito, na especialidade Jurídico-Forense, foi ainda editor-chefe e Director Geral da Rádio Despertar.

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