Sociedade
“Temos trabalhado com uma diária de mil kwanzas”, denunciam funcionários da Movicel
Os trabalhadores da Movicel estão de braços cruzados para reivindicar os mais de dez meses sem salários. Segundo contam, a par da falta de salários, os funcionários queixam-se das condições de trabalho, falta de transparência e ausência de comunicação por parte da direcção da empresa de telefonia móvel.
Ivandra Valdez, funcionária há mais de mais de dez anos, disse que todos os trabalhadores se encontram nesta condição. Revelou ainda que tem sido habitual as ameaças de despedimento quando esses tentam reivindicar os seus direitos.
“Há algumas semanas eles pediram que viéssemos trabalhar e diariamente teríamos um pagamento de mil kwanzas. Tínhamos de repartir este valor para alimentação e transporte”, disse.
Solange Carlos, também funcionária, falou das dificuldades: “a renda terminou, sem saber como pagar, voltei à casa da minha mãe, tive que tirar os meus filhos de escola privada, porque já não tinha condições para fazer o pagamento, onze meses sem salários não são onze dias. Resultado disso, várias são as dívidas que temos contraído”, contou.
Afirmou ainda que por conta disso, três colegas seus perderam a vida e “não houve nenhum pronunciamento ou ajuda por parte da empresa”.
“Estamos apenas a reivindicar o que é de direito, pois a direcção não diz nada. Escrevemos a primeira e a segunda carta para a empregadora e até ao momento não obtivemos resposta”, apontou.
Outra funcionária, Clemenciana de Amaral, informou, igualmente, que alguns profissionais têm ido trabalhar mesmo sem os salários.
“Mesmo sem o pagamento salarial, alguns colegas vem trabalhar. Inquieta-nos saber que existe uma lista para assinaturas de presentes e que os mesmos tem uma ajuda de custo de mil kwanzas diário para o transporte e alimentação. Caso venha duas vezes na semana terá 2 mil kwanzas, existem colegas que não têm opções, sujeitam-se a vir cinco vezes na semana para conseguir cinco mil kwanzas, insuficiente para responder as nossas necessidades, queremos o nosso salário”, disse.
A nossa equipa de reportagem tentou ouvir os responsáveis da empresa, mas sem sucesso.
Por Laurinda Lituai