África
Sudão: ONU teme intensificação do conflito onde não se observa norma básica internacional da guerra
Longe dos holofotes da imprensa, a guerra do Sudão iniciada em 2023, um conflito aparentemente ignorado pelos players decisores mundiais, já representa a pior crise humanitária do mundo, com relatos graves de fome, violações sexuais, e a morte de dezenas de milhares de pessoas, além de fazer 12 milhões de deslocados. Portanto, é um conflito que vem preencher a lista de desafios de João Lourenço, na qualidade de Presidente da UA. A investida militar das forças governamentais na semana passada deixou a maior tribuna política planetária de rastos.
A Organização das Nações Unidas (ONU), organização que tem o diplomata português António Guterres, como o seu secretário-geral, teme que se venha a intensificar a guerra que tem lugar no Sudão, travada entre o exército governamental e os paramilitares das Forças de Apoio Rápido.
Durante algum tempo significativo, o grupo paramilitar tomara as rédeas da capital, Cartum, mas a realidade foi invertida na sexta-feira passada, dia 21, quando as forças militares governamentais recuperaram a cidade, com recurso a bombardeios e artilharia pesada. A dimensão da força empregada deixou preocupada a ONU, face ao número de mortes.
A maior tribuna política global condenou a escalada da violência após a ofensiva para a retomada da capital Cartum.
Longe dos holofotes da imprensa, em parte por conta da guerra de invasão da Rússia sobre a Ucrânia, bem como o conflito militar entre Israel e o Hamas, força paramilitar de Gaza, a guerra do Sudão, iniciada em 2023, tem sido bastante violenta, sem o mínimo de observação das regras da guerra internacionalmente reconhecidas, e já causou, segundo as diferentes internacionais, a pior crise humanitária planetária.
No país, mais de metade dos seus 48 milhões de cidadãos sofrem de insegurança alimentar aguda. E vários serviços básicos foram suspensos por causa dos riscos de segurança, aumentando assim a possibilidade de contaminação de doenças infecciosas transmitidas por água contaminada.
Relatórios que chegam à mesa da ONU, com base nos relatos recolhidos, indicam que, em muitos casos, milícias têm invadido casas em Cartum e executado moradores, realizando ainda prisões arbitrárias e saques em clínicas médicas e cozinhas comunitárias.
Outra preocupação da ONU tem a ver com alegações de violações sexuais.
De referir que, até Dezembro de 2024, o conflito já havia ceifado a vida a dezenas de milhares de pessoas, além de fazer 12 milhões de deslocados.
Portanto, a situação do Sudão começa a figurar um dos maiores problemas para o Presidente angolano, João Lourenço, que recentemente assumiu a Presidência da União Africana (UA).
No início desta semana, a própria presidência angolana, através de sua página oficial da rede social Facebook, manifestou a intenção de o Chefe de Estado angolano afastar-se da mediação do conflito entre a República Democrática do Congo (RDC) e o Ruanda, tendo em conta o seu papel de Presidente da UA, condição que o obriga a olhar para o continente no seu todo.
No comunicado, entre outras coisas, a presidência angolana sublinhou que as novas responsabilidades de João Lourenço abrangem questões como a paz e segurança em todo o continente, o desenvolvimento de infra-estruturas, a promoção do comércio livre continental, o combate a epidemias e pandemias, o crescimento económico e social, e a defesa da justiça para os africanos e afrodescendentes, incluindo a questão das reparações históricas.
Além dessa guerra do Sudão, e a da RDC-Ruanda, João Lourenço tem ainda que lidar com as situações de instabilidades na República Centro Africana, sobre a qual ainda pesa o embargo de armas para as autoridades; o Mali, a Somália e entre outros.