Economia
Sonangol quer refinar acima de 10 por cento do consumo em 2023-2027
A Sociedade Nacional de Combustíveis de Angola (SONANGOL E.P) pretende, para o ciclo quinquênio 2023-2027, aumentar a quota de produção nacional operada de até 10 por cento da capacidade de refinação de petróleo de bruto e gás natural para reduzir a dependência de importações.
O dado foi avançado, recentemente em Luanda, pelo presidente do Conselho de Administração, Sebastião Gaspar Martins, durante a III Conferência Internacional de Petróleo & Gás, iniciativa da Câmara Africana de Energia e o Ministério dos Recursos Minerais, Petróleo e Gás.
De acordo com o PCA, constituem ainda prioridades da empresa o desenvolvimento, pelo menos, de um pólo petroquímico, a produção de energia eléctrica a partir de fontes renováveis, aumento da capacidade de armazenamento, optimização e rentabilização dos serviços de logísticas, assim como a distribuição e comercialização de produtos refinados.
São ainda parte desta estratégia o controlo e redução pelo menos de 20 por cento de emissões de dióxido de carbono (CO2) nas operações de exploração e produção, refinação, aumento da captura de carbono na implementação do projecto Carbono Azule.
O gestor explicou também que o país é ainda dependente da importação de produtos refinados a um nível de consumo doméstico que ultrapassa as 4 milhões de toneladas métricas por ano, das quais cerca de 30 por cento são garantidos pela refinaria da Sonangol EP em operação.
“Não obstante aos direitos de petróleo do país, estimados em mais de 200 mil barris/dia, estão a ser construídos três projectos já em andamento, que elevarão a capacidade de refinação do país para cerca de 425 barris/dia e num aumento em 580 mil metros cúbicos da capacidade de armazenagem e infra-estruturas de distribuição para atender a procura actual e futura a nível da região”, disse.
Projecto de hidrogénio
Segundo Gaspar Martins, a par dos projectos do mercado “Downstream” e energia solar, a petrolífera pública está, igualmente, empenhada em implementar o projecto do hidrogénio verde a ser executado no centro de pesquisa e desenvolvimento da empresa em parcerias com duas empresas alemãs, onde foi também assinado um memorando para a construção da primeira bio-refinaria do país, com a entrada em funcionamento prevista para antes de 2027.
Com o foco na cadeia de valor de petróleo e gás, não só no tema da transição energética, o sector mostra-se mais criativo para gerir os negócios com mais responsabilidades. Há também, segundo o PCA da Sonangol, a necessidade de levar-se o continente a uma auto-suficiência no que se refere à produção energética, disponibilidade e a acessibilidade, que têm sido catalisadores do reposicionamento estratégico da petrolífera a longo prazo.
Conforme disse Sebastião Gaspar Martins, confrontada por múltiplos constrangimentos e ao aceitar os desafios de contribuir para a industrialização do continente, a Sonangol EP adoptou uma estratégia de transição energética justa, que assenta numa abordagem de diversificação do portfólio.
“Com esta abordagem, a Sonangol EP tem o petróleo como principal pilar de negócios, o gás como motor primordial para uma produção de energia mais limpa e ter avançado num investimento de energias renováveis com projectos em curso, com duas centrais fotovoltaicas, em parceria com uma empresa de renome, que combinadas elevarão a produção de energia solar para cerca de 150 megawatts”, disse.