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Opinião

Sobre o “Palácio da Música e Teatro de Luanda”

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Sendo fundamental para nós, artistas, termos finalmente uma sala de espectáculos condigna, a notícia da reabilitação para devolução à sociedade do maior teatro que a cidade de Luanda alguma vez teve deverá ser, sem quaisquer dúvidas, um motivo de celebração.

Todavia se, por um lado, a designação de “Palácio” há muito caiu em desuso, por nos remeter para um contexto de regimes políticos em decadência que instrumentalizavam as artes mantendo-as cativas da sua grandiosa máquina propagandística ditatorial, por outro, marginaliza, numa total falta de respeito e consideração, os artistas / profissionais da DANÇA.

A Companhia de Dança Contemporânea de Angola (CDC Angola), membro do Conselho Internacional da Dança da UNESCO (CID) vem, assim, manifestar a sua indignação pela designação atribuída ao antigo Cine-Teatro Restauração o qual, após ter sido a sede da Assembleia Nacional surge como “Palácio da Música e Teatro de Luanda”.

O facto deste nome, atribuído há já alguns anos, permanecer num despacho actual, sem ter sido questionado, deixa-nos a todos apreensivos e livres para confirmar que se trata de mais um sintoma de que os assuntos ligados às artes estão, perigosamente, confiados a mãos com preocupantes debilidades neste domínio.

Sabendo-se que a DANÇA, nos seus diversos contextos, géneros e formas, tem contribuído para o surgimento e visibilidade de outras propostas estéticas e de outras linguagens artísticas que incluem e transcendem a música e o teatro, a CDC Angola propõe uma reflexão sobre esta pluralidade de discursos criativos que vão desde a utilização das novas tecnologias digitais aos espectáculos multidisciplinares, que são igualmente excluídos nessa designação antiquada e discriminatória a alterar,
urgentemente.

Assim, além de encorajar a que se desista de olhar para a DANÇA como uma actividade recreativa e de lazer, a mais antiga companhia de dança profissional angolana, propõe que o antigo Cine-Teatro Restauração e ex-Assembleia Nacional se chame CENTRO CULTURAL DE LUANDA dignificando, de forma democrática, despretensiosa e integradora, quer a cidade quer todos os profissionais de todos os quadrantes artísticos, sem descriminações.

Acreditando que Angola ainda valoriza os peritos com formação, conhecimento e experiência nas diversas áreas profissionais, esta instituição de dança angolana põe à disposição a idoneidade dos seus conhecimentos técnicos, bem como a sua reconhecida experiência em assuntos relacionados com salas de espectáculo, para acompanhar quer o projecto, quer a reabilitação deste novo espaço cultural, por forma a que não se incorra nos erros graves já cometidos (na sua maioria irreversíveis) relativamente ao Cine-Teatro Nacional e ao Teatro Avenida.

Orçamentar um local de trabalho para os artistas não é despesismo; é uma obrigação e um investimento estruturante para o progresso social que todos desejamos.

Nós, os Humanos, somos parte material e parte espiritual, sendo que esta não se esgota na religião mas se prolonga na ARTE. Portanto, hospitais para médicos e
enfermos, escolas para professores e alunos e Teatros para TODOS os artistas e para o público!

Saudações coreográficas!

Por Gabinete de Divulgação e Imagem da CDC

Radio Correio Kianda




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