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Sinwar – líder do Hamas caminha para a pior figura do ano
Em diferentes correspondências trocadas entre o líder do grupo que governa a Faixa de Gaza e os mediadores das negociações para o cessar-fogo, o líder do Hamas manifesta-se indiferente às mortes de civis palestinianos, considerando ser um “sacrífico necessário”, e tudo faz para empatar as negociações, com o argumento de que têm Israel exactamente onde esperavam que estivesse.
Yahya Sinwar, líder do Hamas, o grupo político e militar que governa a Faixa de Gaza, está empenhado em manter a guerra por mais tempo, independentemente do número de mortes de civis palestinos, em troca de manter exposto o grau de violência israelita.
A presente perspectiva foi apresentada por mediadores do Qatar e do Egipto, países que se têm manifestado solidários para com a causa palestiniana.
Correspondências trocadas entre o líder do Hamas e os mediadores das negociações para o cessar-fogo, agora vazadas para a imprensa, demonstram que para Sinwar, as mortes de palestinos não passam de um “sacrifício necessário”.
Desde o início da guerra provocada pelo Hamas por ordem de Sinwar com o ataque ao território israelita, de onde foram executadas mais de 1.200 pessoas e sequestradas mais de duas centenas, já foram mortas mais de 37 mil palestinos, vítimas de bombardeamentos e de outro tipo de técnica militar.
As mulheres, velhos e crianças têm sido as principais vítimas mortais, face à limitação física. Entretanto, Sinwar prefere mandar estes números para a imprensa ao invés de procurar por acções que possam trazer a paz e salvar vidas.
Numa mensagem dirigida a outros líderes do Hamas em Doha, no Qatar, Sinwar citou as perdas de civis em conflitos de libertação nacional em locais como a Argélia, onde centenas de milhares de pessoas morreram a lutar pela independência de França, dizendo: “são sacrifícios necessários”.
Noutra carta separada, enviada a 11 de Abril a Ismail Haniyeh, cujos três filhos foram mortos num ataque aéreo israelita, Sinwar afirmava que as suas mortes e as de outros palestinianos iriam “infundir vida nas veias desta nação, levando-a a erguer-se para a sua glória e honra”.
Para diferentes analistas, as mensagens de Sinwar revelam um desprezo calculado pela vida humana e a convicção de Sinwar de que Israel tem mais a perder com a guerra de oito meses do que o Hamas.
“Temos os israelitas exatamente onde os queremos”, destacou Sinwar numa das dezenas de mensagens enviadas aos negociadores do cessar-fogo, facto que leva estes negociadores a acreditar vivamente de que o referido político e guerrilheiro esteja “mais interessado em assegurar o seu próprio futuro do que a paz”.
Quem é Sinwar
Sinwar, de nome completo: Yahya Ibrahim Hassan Sinwar, nasceu em 1962, num campo de refugiados em Khan Yunis, quando a circunscrição estava sob o domínio egípcio, onde passou seus primeiros anos. Sua família é de Al-Maidal Asgalan, que se mudou para a Faixa de Gaza em 1948. Após se formar no ensino médio na Escola Secundária de Khan Yunis para Meninos, ingressou na Universidade Islâmica de Gaza, onde obteve um diploma de bacharel em Estudos Árabes.
É um dos co-fundadores do aparato de segurança do Hamas, e precisamente a segunda figura mais poderosa dentro do grupo.
Em Setembro de 2015, foi designado como terrorista pelos Estados Unidos, sendo que na sequência, também o Hamas e as lzz ad-Din al-Qassam Brigadas foram designados como organizações terroristas pelos Estados Unidos e por outros países e organizações.
Face às suas acções subversivas, acabou preso pela primeira vez em 1982 em Far’a, onde conheceu outros activistas palestinos, incluindo Salah Shehade, e se dedicou à causa palestina. De lá para cá, tem-se revelado num calcanhar de Aquiles para Israel.