Sociedade
Sindicalista denuncia falta de investimento em saúde preventiva
O Presidente do Sindicato dos Médicos de Angola, Adriano Manuel, acusou esta sexta-feira, 05, em Luanda, o governo angolano de estar a fazer negócio com a morte dos cidadãos.
Foi durante uma mesa redonda, realizada na Casa da Juventude de Viana, no quadro do dia 04 de Abril, Feriado da Paz e Reconciliação Nacional, que o médico e sindicalista fez as acusações.
Em causa, segundo o sindicalista, está o facto de o governo recusar-se em melhorar o sistema nacional de saúde, bem como garantir melhores condições de trabalho aos profissionais de sector, assim como o aumento do salário mínimo nacional.
“Como é que fica um doente pandémico que ganha 32 mil kwanzas, a caixa de medicamentos para o curar, que até três quatro meses atrás custavam 2.000 kwanzas, hoje está a custar 10 mil kwanzas? Quem ganha 32 mil kwanzas vai comer o quê, vai fazer o que?”, interrogou, acrescentando que a alternativa é deixar de comprar medicamentos para comer e ao fazê-lo, as consequências é são insuficiência renal.
“Observem vocês, que o governo já sabe que muita gente vai ter insuficiência renal. E como já sabe, está a construir novos centros de hemodiálise, quando o ideal seria, se houvesse lá fármacos, para que essas pessoas não padecessem de insuficiência renal”, explicou.
O sindicalista referiu ainda que tudo isso acontece “porque são negócios deles. Eles ganham com isso. Estão a enriquecer com a nossa morte, com o nosso sofrimento e cada um de nós pode ser vítima disso”.
Já o especialista em Saúde Pública, Jeremias Agostinho, que também participou da mesa redonda organizada pelo Movimento dos Estudantes Angolanos (MEA), entende que o nível de pobreza em que se encontram as famílias angolanas é o principal responsável pela elevada taxa de mortalidade no país.
Sobre este ponto, o médico Adriano Manuel exemplificou que na província do Cuando Cubango, em cada 50 cidadão que fazem o teste de VIH, menos de 10 dão negativo, “porque as pessoas estão a prostituir-se para comer. Numa casa você encontra país e filhos na cama com má nutrição crónica porque não têm o que comer”.
Os dois são unânimes em afirmar que problema da saúde pública no país deve-se ao facto de se apostar na saúde curativa, quando o ideal seria a saúde preventiva.
“Nós infelizmente estamos apostar num sistema preventivo, quando devíamos apostar no sistema preventivo. Nós estamos a construir vários hospitais, mas se vocês observarem não diminuiu a mortalidade no nosso país […]. Então a pergunta que nós fazemos é porquê que morre tanta gente se estão a construir hospitais?”, observou retórico Adriano Manuel.
“Se nós não apostarmos na prevenção não será suficiente nem daqui a mais 40 anos anos. Nós temos que apostar na prevenção. Temos de impedir que as pessoas fiquem doentes, porque se as pessoas não ficarem doentes, as unidades que nós temos vão conseguir dar conta do recado, explicou Geremias Agostinho.