Análise

Ser Normal é Ser Medíocre!…

Publicado

em

Em tempos de crise de valores e mediocridade institucionalizada, soa quase como uma ofensa dizer que alguém “não é normal”. Contudo, talvez seja mesmo isso que precisamos: deixar de ser normais. A frase de Carl Jung “Ser normal é a meta dos fracassados” ressoa hoje em Angola como um grito silencioso num país onde a mediocridade ganhou estatuto de virtude e o talento é tratado como arrogância.

Vivemos uma era que exige exceder o normal. A era da excelência, do domínio do saber, da superação e da inteligência aplicada à transformação social. Mas, paradoxalmente, ainda se glorifica a ignorância confortável. O homem que sabe muito é visto como “tudólogo”, expressão carregada de inveja disfarçada, usada para tentar nivelar por baixo o mérito dos que ousam pensar além do comum.

No nosso contexto, quando alguém demonstra competência múltipla, seja no ensino, na administração pública, na gestão de projectos ou na inovação tecnológica, logo se ouvem murmúrios: “Ele quer saber de tudo”, “devia ser mais humilde”, “ninguém pode saber assim tanto”. É o reflexo de uma cultura que, em vez de premiar o mérito, tenta quantificar a humildade, como se o saber fosse uma ameaça e a ignorância, um sinal de equilíbrio. São as humildades quantificáveis, aquele tipo de modéstia medida a olho, usada como desculpa para não aprender e justificar o próprio fracasso.

Angola precisa urgentemente de inverter este paradigma. Não é tempo de ser normal, porque o normal, entre nós, tem sido aceitar estradas esburacadas, escolas sem giz, universidades sem investigação e políticos sem visão. O normal tem sido sobreviver onde deveríamos prosperar.

Exceder o normal é cultivar a excelência como cultura. É formar o jovem que questiona, o gestor que inova, o professor que inspira e o líder que serve com inteligência e propósito. É transformar o “tudólogo” no símbolo de um novo angolano, aquele que se recusa a ser medíocre, que lê, que cria, que pensa, que age, que sonha.

Carl Jung, se olhasse para nós, talvez reforçasse a sua tese: ser normal é conformar-se com a banalidade, e conformar-se é morrer devagar. A verdadeira revolução começa quando cada um de nós decide exceder-se, romper o limite do habitual e fazer da excelência a sua assinatura.

Que ser normal nunca mais seja uma meta em Angola, mas sim um ponto de partida para quem ainda não entendeu o poder de ser extraordinário.

Deixar uma resposta

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

Exit mobile version