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África

Senegal: protestos contra prisão de líder de oposição deixa vários mortos em Dakar

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Novos confrontos eclodiram neste sábado entre apoiantes da oposição senegalesa e a polícia em em Dakar, capital do Senegal, naquele que foi o terceiro dia de protestos naquele país da África Ocidental, provocados pelo julgamento e condenação de um líder da oposição.

A polícia disse que o número de mortos desde quinta-feira subiu para 15, tornando os protestos entre os mais mortais das últimas décadas. Dois membros das forças de segurança estavam entre os mortos, segundo a presidência.

Após uma calmaria diurna, os manifestantes voltaram às ruas na noite de sábado, montando barricadas e queimando lixo no distrito HLM de Dakar. A polícia naquela região e no bairro residencial de Ngor disparou gás lacrimogêneo em um esforço para dispersar a multidão enfurecida, reporta a agência Reuters.

Postos de gasolina e um supermercado foram saqueados durante a noite de sexta-feira e vários distritos ficaram cheios de escombros e pneus queimados. Uma estação de tratamento de água também foi atacada, disse o ministro do Interior, Felix Abdoulaye Diome.

Uma universidade centenária, situada na cidade de Dakar, também foi atacada pelos manifestantes.

“Houve uma clara intenção de interromper o funcionamento normal de nossa actividade económica. A escolha dos alvos não é acidental”, disse Diome a jornalistas na noite de sábado, descrevendo a situação como já estando sob controle.

O governante disse que estão contabilizadas 500 de pessoas detidas desde o início dos longos protestos em 2021.

O catalisador para a mais recente agitação foi a sentença na quinta-feira do líder da oposição Ousmane Sonko no caso de estupro de dois anos atrás. Seus partidários dizem que a acusação foi politicamente motivada e ele nega qualquer irregularidade.

Na quinta-feira, o líder político da oposição foi absolvido do crime de estupro, mas considerado culpado à revelia de corromper um menor e condenado a dois anos de prisão. Essa sentença pode impedi-lo de concorrer às eleições presidenciais de Fevereiro de 2024, e os manifestantes atenderam ao seu apelo para desafiar as autoridades.

O ministro Diome se recusou a comentar se a polícia planeava deter Sonko em breve para iniciar sua sentença de prisão, uma medida que provavelmente inflamaria ainda mais as tensões.

O governo convocou o exército para apoiar a tropa de choque estacionada na cidade. O distrito de Ouakam, em Dakar, parecia calmo na noite de sábado, mas mais de uma dúzia de soldados guardavam um posto de gasolina destruído ali.

Vários estabelecimentos, sobretudo comerciais, viram-se obrigados a fechar em função dos protestos na ruas de Dakar.

Abdou Ndiaye, dono de uma loja de esquina próxima, disse que fechou cedo nos dois dias anteriores e abriu no final do sábado, com medo da agitação.

“Estamos com tanto medo porque você não sabe quando as multidões virão e, quando elas vêm, levam… seus bens, são ladrões”, disse ele em um depósito cheio de sacos de comida e utensílios domésticos.

O Senegal, há muito considerado uma das democracias mais estáveis ​​da região, às vezes tem visto manifestações violentas da oposição provocadas pelo processo judicial de Sonko, bem como preocupações de que o presidente Macky Sall tente contornar o limite de dois mandatos e concorrer novamente em Fevereiro. Entretanto, Sall não confirmou nem negou.




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