Educação Financeira
Segredos para dominarmos o “papão” da inflação nas famílias angolanas
O orçamento mais curto das famílias angolanas também mudou o consumo de itens até então não considerados tão básicos, como peixe, carnes, alguns hortícolas, por exemplo, estão a deixar de fazer parte do cardápio das famílias nacionais.
Pressionadas pela combinação de inflação galopante desde o início da «Desdolarização» da economia em 2015 com taxas anuais acima dos dois dígitos e quase sempre acima dos 20%, de forma acumulada em cada ano e em comparação de forma homóloga (ano actual – ano anterior), o desemprego em alta, principalmente o desemprego jovem, e menor abrangência e disponibilidade de recursos do auxílio de emergência por via da pandemia do Covid-19 por parte das entidades públicas, os angolanos e não só, reduziram as quantidades compradas de alimentos, bebidas e produtos de higiene e limpeza no primeiro para se manterem «à tona». Houve diminuição de volumes de compras e valor em praticamente todas as famílias. A prioridade do consumo diário ficou concentrada nos alimentos básicos da cesta básica para a maioria da população.
Para melhor compreensão do que estou a escrever, vamos mostrar uma definição de inflação com recurso à Wikipedia:
O que é inflação então e que tem originado que as nossas famílias tenham menos dinheiro no banco, na carteira ou em casa?
“Inflação refere-se a um aumento contínuo e generalizado dos preços em uma economia. É comum que se divida a inflação em três categorias, com base na causa: de demanda, de custos e inércia.
A inflação de demanda diz respeito ao aumento de preços que se observa em casos onde o poder aquisitivo da população sobe em disparidade com a capacidade que a economia tem de prover os bens e serviços demandados. Em outras palavras, quando a demanda supera a oferta”.
A tendência da inflação é de estar em níveis muito altos (acima de 20%), o que faz alterar o quadro de consumo das famílias e das empresas. Se a inflação é o aumento dos preços dos produtos e por arrasto dos serviços, o que podem e devem as famílias fazer para poderem proteger-se desta facto que sentimos todos os dias quando perguntamos os preços no comércio formal, mas também nos nossos mercados informais?
Ficam 7 dicas ou conselhos para todas as famílias, independentemente se vivem na cidade ou no mundo rural, se são endinheiradas ou com menos rendimentos.
1) Invista
Quanto maior a inflação, mais se perde ao deixar o dinheiro poupado parado e maior deve ser a remuneração de um investimento para que se consiga obter ganhos reais com ele.
Diante da actual volatilidade do cenário económico, recomendo investimentos em renda fixa, como títulos e obrigações do tesouro e em depósitos a prazo.
“Os imóveis sempre são um bom investimento, mas atenção à «bolha» de falta de liquidez do mercado e os preços altos das casas em Angola. Em períodos longos de inflação num qualquer país, geralmente há uma desvalorização dos bens imóveis.
2) Negocie aumentos
Para que o dinheiro continue (ou comece) a sobrar no final do mês, mesmo com a alta dos preços, recomenda-se que, sempre que possível, negocie-se os aumentos de produtos e serviços consumidos.
Nos mercados informais há mais capacidade de regatear preços do que nos supermercados. Tente sempre baixar os preços pedindo o tal “desconto”.
Afinal, o que conta no final do mês é sobrar dinheiro.
3) Pesquise preços
Pesquisar preços é uma tarefa que todo consumidor deve fazer antes de ir as compras – e hoje, com a internet, isso está muito mais fácil.
Nas lojas formais veja os folhetos da loja e compare os preços e as datas das promoções. Leve para casa e coloque os membros da família a fazer comparações e, desta forma, a fazer uma gestão financeira inclusiva.
Nos mercados informais além de regatear preços como foi dado a conhecer este conselho em cima, pergunte preços a várias “zungeiras” (vendedoras ambulantes), veja a qualidade dos produtos, dos rótulos e datas de validade.
Compre de acordo com o que consome. Não compre mais só porque é uma grande promoção. Veja a data de validade e perceberá o porquê da baixa do preço desse produto.
Comprar a grosso gera, normalmente, poupança pois os produtos ficam mais baratos à unidade, mas pense bem se precisa mesmo comprar caixas e caixas…?
4) Adie compras
Muitos comerciante fazem promoções depois de datas festivas. Por isso, comprar o que você precisa em Janeiro, em vez de Dezembro, pode significar preços bem mais baixos. Ou antes ou depois do cacimbo (entre Maio e Setembro).
Quanto mais um consumidor adiar a compra melhor – e não só por causa da possibilidade de conseguir promoções. Muitas vezes as pessoas não compram por necessidade, mas por impulso. Ao esperar um tempo antes de comprar, as pessoas têm a oportunidade de perceber se realmente precisam – ou querem – fazer a aquisição. Além disso, com mais tempo para pesquisar podem descobrir que a compra não era um bom negócio.”
5) Substitua itens de consumo
Uma forma de reduzir o impacto da inflação sobre o seu orçamento é cortar os produtos que você percebe que estão ficando mais caros e substituí-los por outros produtos ou similares de outras marcas.
As marcas dos distribuidores ou as chamadas de “marca branca” são sensivelmente mais baratas e são uma excelente escolha de consumo.
6) Compras colectivas
Vive num quintal? Já pensou em juntar as compras dos moradores do quintal e com isso reduzir o valor das compras de cada morador?
Já pensou em dar boleia aos colegas para o trabalho por uma semana e os outros colegas fazerem o mesmo. O uso do carro tem os seus custos e se os preços dos combustíveis estão inalterados desde 1 de Janeiro de 2016, os preços dos bens de consumo dos carro que têm a ver com as revisões e manutenção, têm sido subido vertiginosamente, como os preços dos restantes bens na economia angolana.
7) Faça stocks de produtos baratos
Imagine que encontra promoções de bens de consumo que a família consome com muita frequência, quantidade e produtos baratos nos preços? O que podem fazer essas famílias?
– Comprar e fazer stock, principalmente os de baixo custo, mas com impacto no orçamento das famílias com menor rendimento. Os bens da cesta básica são um exemplo.
– Famílias angolanas:
a inflação é um facto da vida de todos nós. Temos como nos proteger deste «imposto» encapotado que nos retira capacidade para comprar como comprávamos há uns anos. Gerir dinheiro é quanto mais difícil, quanto menos se tem e a inflação é um «inimigo» que sentimos quando vamos pagar o que queremos pagar.
Boas compras, boas poupanças e atenção ao aumento dos preços.
Professor Daniel Sapateiro
Economista e Docente Universitário
Joao Barradas
15/09/2021 em 12:13 pm
Srs, muito útil, e de compreensão fácil as dicas de economia do professor Sapateiro.
Apelo para para que mais ensinamentos do gênero, seja publicada com mais frequência.
Obrigado Luanda.