Politica
SADC incumbe João Lourenço de continuar a aproximar Kinshasa e Kigali
A preocupação com a deterioração da situação de segurança e humanitária no leste da República Democrática do Congo e com os relatos de retoma dos ataques e ocupação de zonas na região pelo M23, numa clara violação do cessar-fogo orientado no “Roteiro de Luanda”, consta no comunicado final da Cimeira Extraordinária da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC), que ocorreu este sábado, em Luanda.
O documento conferiu mandato ao Presidente em Exercício da SADC, João Lourenço, para, “coadjuvado pela Troika do Órgão, intensificar os esforços diplomáticos entre a RDC e o Ruanda com vista à consecução de uma paz duradoura na RDC”.
De recordar, que o clima de tensão entre a República Democrática do Congo e o Ruanda voltou a instalar-se na relação entre os dois países nos últimos meses, depois do reinício, em Março de 2022, dos combates entre o exército da RDC e o grupo rebelde Movimento 23 de Março. Os dois países acusam-se mutuamente de apoiar à insurreição militar para desestabilizar um e outro, com Kinshasa a denunciar um suposto apoio militar de Kigali ao M23, acusação negada por Paul Kagame. O nível de tensão entre os dois países subiu ainda mais de tom, depois da expulsão do embaixador do Ruanda da RDC.
Os Chefes de Estado reunidos este sábado forneceram, igualmente, orientação estratégica sobre o “envio da Missão da SADC na RDC com o objectivo de restaurar a paz e a segurança no país”.
A Cimeira Extraordinária da SADC em Luanda foi agendada na sequência dos violentos combates que opuseram as forças armadas da RDC aos rebeldes do M23, no início dessa semana. Os líderes da Comunidade regional realizaram uma reunião virtual, na terça-feira, em que ficou decidido que a capital angolana iria acolher uma cimeira presencial, ontem realizada.
A reunião extraordinária, com a presença de doze chefes de Estado e de Governos e seus representantes, abordou questões importantes, tendo em conta o momento que a RDC vive: conflitos no Leste e eleições presidenciais no próximo mês, que vai avançar com 26 candidatos reconhecidos pelo Tribunal Constitucional local.
Estiveram presentes na Cimeira da SADC em Luanda, os presidentes Félix Tshisekedi (RDC), Cyril Ramaphosa (África do Sul), Samia Hassan (Tanzânia), Hakainde Hichilema (Zâmbia), e Emmerson Mnangagwa (Zimbabwe).
O Reino do Lesoto esteve representado pelo Primeiro-Ministro, Samuel Matekane, Namíbia enviou o Vice-Presidente, Nangolo Mbumba, Botswana, o Ministro dos Negócios Estrangeiros, Lemogang Kwape, Malawi, a Ministra dos Negócios Estrangeiros, Nancy Tembo, Moçambique, a Ministra dos Negócios Estrangeiros e Cooperação, Verónica Dihovo, e representando o Reino de Eswatini, participou da cimeira regional, a Secretária Principal junto do Ministério do Planeamento Económico e Desenvolvimento, Thabisile Mlangeni.
A Comunidade de Desenvolvimento da África Austral tem como países-membros África do Sul, Angola, Botsuana, Lesoto, Malawi, Maurício, Moçambique, Namíbia, República Democrática do Congo, Seicheles, Suazilândia, Tanzânia, Zâmbia e Zimbabwe, num total de 210 milhões de habitantes e um PIB de aproximadamente 470 biliões de dólares.
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