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Sabia que o sono das mulheres não é igual ao dos homens
Tirem todas as questões sociológicas e culturais da equação: o trabalho, a vida doméstica, os filhos, as doenças, as correrias entre as várias responsabilidades femininas. Mesmo assim o sono das mulheres será diferente. Porque, para começar, o cérebro também o é, já para não falar da ditadura das hormonas. Um cromossoma diferente equivale a outro “cronossono”. É uma das possíveis conclusões a tirar no segundo dia do Lisbon Sleep Summit, exclusivamente dedicado ao “Sono nas Mulheres”
A actividade cerebral dos homens é diferente das mulheres. As mulheres mostram ter (predominantemente) mais ligações entre os dois hemisférios. Os homens concentram a actividade em apenas um deles. Os homens mostram mais movimento nas áreas cerebrais relacionadas com as percepções espaciais e a actividade motora, e logo estão melhor preparados para traduzir sensações em acções. As mulheres, com as suas ligações intra-hemisférios, conseguem mais facilmente juntar os aspectos analíticos aos emocionais, e logo terão melhores capacidades cognitivas e sociais.
Os homens são mais físicos. As mulheres são mais emocionais.
MULHERES TÊM MAIS PESADELOS
A finlandesa Tiina Paunio já tinha começado o dia explicando que as mulheres têm mais problemas em dormir, mais pesadelos. A estrutura (a divisão entre as várias fases do sono) muda ao longo da vida da mulher. Está sujeita à idade da mulher e logo à influência hormonal. Uma grávida, uma mulher na perimenopausa ou na menopausa terá diferentes estruturas do sono, maiores ou menores fases de REM, por exemplo.
Um mau sono, como tantas vezes acontece com as mulheres, provocará inequivocamente depressão e ansiedade. O problema, porém, é que um bom sono depende não apenas dos tais ritmos ou ciclos circadianos, que são diferentes em homens e mulheres, mas também do ciclo hormonal da mulher, que além de ser mensal é também diferente ao longo da vida.
A diminuição dos níveis de estrogénio, por exemplo, a que as mulheres ficam sujeitas quando se aproximam da menopausa, leva, como a investigadora Helena Hachul demonstrou, a um sono mais fragmentado, a uma diminuição da fase REM, e logo a problemas de memória, depressão e ansiedade. Hachul apresentou dados que confirmam que uma terapia hormonal pode solucionar os problemas de sono das mulheres, quando não existem contraindicações para o fazer.
Como bem lembrou Teresa Paiva no final do painel dedicado à “Neurobiologia do Sono Feminino”, as mulheres nascem, contudo, com uma esperança de vida maior, apesar de dormirem pior do que os homens ao longo da vida. Estarão estas duas realidades relacionadas?, perguntou a especialista do sono a Lopes da Silva. No palco, como fora dele, o investigador não conseguiu responder. Mas Teresa Paiva acha que vale a pena perceber esse duplo comportamento da composição hormonal das mulheres, que ora as protege de doenças e as faz viver mais tempo ora as obriga a dormir pior.