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Rússia-Ucrânia: Ocidente deve continuar a negar armas de longo alcance a Kiev caso Moscovo opte por guerra total?
Capital russa foi alvo de um “terrível” ataque terrorista na sexta-feira, 22, e vários líderes mundiais, inclusive o Chefe de Estado angolano João Lourenço, condenaram o ataque reivindicado pelo Estado Islâmico.
Vladimir Putin e o Kremlin estão decididos a responsabilizar a Ucrânia pelo ataque vil que matou mais de 140 pessoas, na sala de concertos Crocus City Hall, na cidade moscovita, apesar de o Daesh ter assumido a autoria.
Os serviços secretos russos, cientes de que deverão rolar cabeças, face à gritante falha no sistema de segurança, tudo fazem para levar o Chefe de Estado e o governo a acreditarem que o ataque tem as digitais dos agentes da Ucrânia, mas, até ao momento, não dispõem de provas verificáveis.
O Kremlin, em diferentes vozes, desde Vladimir Putin, Maria Zakharova e Dmitry Peskov, promete vingança com olhos postos na vizinha Ucrânia.
Os Estados Unidos da América, que há duas semanas haviam alertado haver indícios de estar em iminência um ataque terrorista na Rússia, insistem que não foram os ucranianos os autores morais do acto, e a sua embaixadora em Londres prevê que Moscovo vai intensificar suas acções contra Kiev, como resposta ao atentado.
Entretanto, se for o caso, surge novamente a velha discussão, até quando o Ocidente vai se negar a dar à Ucrânia armas que possam dissuadir o inimigo, este que, diariamente, força deslocamento de famílias na Ucrânia?
Jane Hartley, que já foi embaixadora em França e na Rússia, diz-se com certeza de que a “democracia está em causa” e garante mais apoio para a Ucrânia, assegurando que tudo farão para que o país de Zelensky “se mantenha uma democracia forte”.
Apesar dessas palavras, vale lembrar que há muito Volodymyr Zelensky pede caças e armas de longo alcance, visando dissuadir Putin. Mas, os EUA e o Ocidente Alargado recusam-se a ceder estes equipamentos dissuasores com receios de que os ucranianos possam usar para atingir alvos em Moscovo.
Mas este gesto de boa vontade ocidental parece ser menosprezado por quem está a comandar a guerra. O que é facto é que a Rússia ataca alvos na Ucrânia, pior ainda, procura mudar a geografia anexando territórios, em violação ao direito internacional.
Para diferentes observadores, Putin precisa de uma abordagem directa e franca. E apelam ao povo russo para que seja capaz de transmitir isso com clareza a Putin.
Não fosse a atenção excessivamente dedicada contra Ucrânia, este brutal ataque terrorista contra pessoas inocentes em Moscovo não teria lugar. E, objectivamente, não se percebe o que Putin procura na Ucrânia.
Aquando das eleições, prometeu segurança aos russos, mas o fracasso dessa promessa surgiu menos de três semanas depois de ser eleito.
O povo russo precisa de paz e tranquilidade, e Vladimir Putin deve subscrever isso com acções.