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Roubos na Mediateca do Cazenga, funcionários acusam direcção cessante

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A direcção cessante da Mediateca Zé Dú, no Cazenga, é acusada pelos funcionários de ter furtado, durante a semana passada, 53 computadores e respectivas mesas, três viaturas, equipamentos de jardinagem e de limpeza. 

A Mediateca Zé Dú tem as portas encerradas ao público desde a última sexta-feira. Os agentes da Polícia e da segurança privada impedem a entrada de usuários, sem nenhuma justificação oficial. Ontem de manhã, os mais de 40 trabalhadores permaneceram no local sem trabalhar, por ausência da directora cessante, Solange Cassongo. As portas mantiveram-se fechadas todo o dia, deixando os trabalhadores exaltados por entre o jardim e os bancos espalhados no átrio.  

Janhan Matos é o administrador da Mediateca do Zé Dú e conta ser triste ver os usuários a regressarem para casa sem poderem realizar a sua investigação.

O bibliotecário Inácio Morais estava debaixo de um imbondeiro, quando acedeu falar à imprensa. O jovem disse que mal a direcção ouviu a sua substituição começou de imediato a retirar os meios. “A direccão cessante levou as chaves e não temos como entrar”, contou, dizendo que, inclusive, alguns documentos desapareceram da mediateca. 

Há um ano como bibliotecário, explicou que os computadores foram levados às escondidas com o apoio do técnico de informática que desligou, antes, o cabo da internet.

Só que quando os trabalhadores denunciaram ao administrador municipal do Cazenga, Victor Nataniel Narciso, tendo de seguida solicitado a intervenção da Polícia Nacional, para impedir a saída de equipamentos, já a sala de multimédia da Mediateca Zé Dú estava vazia.

Uma fonte do Jornal de Angola, junto do Ministério das Telecomunicações e Tecnologias de Informação, revelou que o furto dos meios ocorreu também na Mediateca 28 de Agosto, na Maianga, mas sem muitos alaridos. A fonte denunciou que os carros e os meios estão guardados algures no Zango e no Benfica e admitiu que tal furto aconteceu devido à nomeação de novos responsáveis para às mediatecas de Luanda.

Sem confirmar o número de carros desaparecidos, este funcionário sénior do Ministério das Telecomunicações e Tecnologias de Informação disse ser estranho as coisas terem ocorrido dias antes de a nova direcção ser empossada. “Hoje, segunda-feira, é o dia que às direcções deviam começar a trabalhar, mas infelizmente ficou adiado sine die.”

Os trabalhadores confirmaram que à direcção da mediateca havia pedido aos trabalhadores para se ausentarem na quinta-feira passada, para permitir a uma empresa privada desinfestar a mediateca. Contam que, por desconfiarem de alguma situação menos boa, ainda assim, os trabalhadores foram unânimes em comparecer ao trabalho, tendo encontrado as salas vazias.

Ao informar que se trata já de um caso de polícia, a fonte e os trabalhadores da mediateca acusam, igualmente, o coordenador da unidade de Gestão da Rede de Mediatecas de Angola, Pedro Teta, até então secretário de Estado para Tecnologias de Informação, de acobertar as pessoas que furtaram os meios da instituição. “Em nenhum momento, ele quis deixar a gestão das mediatecas e sempre deixou isso muito claro enquanto esteve no cargo”, frisou. 

A fonte corrobora, mais uma vez, com a denúncia segundo a qual o então secretário de Estado pretendia privatizar as mediatecas, uma vez que o pessoal de direcção era constituído por familiares e, durante um ano, desviaram tabletes da área de multimédia. 

A fonte chamou de “infantilismo” a atitude dos cessantes, pelo facto de os meios furtados serem públicos.

“As mediatecas são do ministério, mas o então secretário de Estado fazia crer que não tinham nada a ver com o sector. Sentiu-se mal pelo facto de as mesmas terem passado a sua gestão ao actual secretário de Estado das Tecnologias de Informação, Manuel Homem.”

Os funcionários da referida mediateca, que atende por dia 600 pessoas, na sua maioria jovens estudantes, denunciam maus tratos dos membros da direcção cessante. 

Inquérito na Mediateca 

Um frenesim tomava conta de vários jovens impedidos de entrar na mediateca. Alberto Cabingano, 20 anos, estudou a 12ª classe.  O jovem  disse que pretendia investigar assunto ligado à energia oleólica. O Jornal de Angola contactou a Unidade Técnica de Gestão de Rede Mediatecas de Angola.  A directora Catarina Pires prometeu, ao entregar um comunicado de imprensa, que em breve o então coordenador Pedro Teta vai falar numa conferência de imprensa.

O comunicado refere que será criada uma equipa de inquérito entre a nova coordenação e a cessante, antes da passagem de pastas.

“Enquanto não acontece a auditoria ficará encerrada a Mediateca Zé Dú. Fica igualmente suspensa toda a actividade laboral e encerradas as portas daquela mediateca até à obtenção do relatório final”, lê-se no comunicado.




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