África
Roteiro de Luanda: RDC e Ruanda lançam mecanismo de verificação Ad Hoc
Foi lançado na República Democrática do Congo esta terça-feira, 06, em Goma, o Mecanismo de Verificação Ad Hoc Reforçado (MVA-R) do Processo de Luanda, numa cerimónia realizada na fronteira entre o Ruanda e a RDC.
Sob a liderança de Angola, este mecanismo visa dar seguimento não só ao cessar-fogo recentemente concluído entre os dois Estados, mas também às suas acusações mútuas de agressão e ataques.
A grande barreira entre as cidades fronteiriças de Goma e Gisenyi permaneceu fechada a todos os movimentos migratórios durante toda a manhã de terça-feira, após esta cerimónia oficial entre a RDC e Ruanda. Todas as passagens foram orientadas para a pequena barreira.
A RDC fez-se representar nesta cerimónia pela ministra dos Negócios Estrangeiros, Thérèse Kayikwamba Vagner, que chegou esta terça-feira de manhã a Goma. O Mecanismo de Verificação Ad-Hoc, vai incluir oficiais de ligação congoleses e ruandeses.
O Roteiro de Luanda é o documento aprovado, na capital angolana, no dia 06 de Julho de 2022, durante a Cimeira Tripartida da Conferência Internacional sobre a Região dos Grandes Lagos (CIRGL), entre Angola, RDC e Ruanda, que aponta os caminhos para a pacificação do Leste da RDC.
Entre os vários pontos constantes neste documento, assinado pelos Presidentes Paul Kagame, Félix Tshisekedi e João Lourenço, na qualidade de presidente em exercício da Conferência Internacional sobre a Região dos Grandes Lagos e mandatário da União Africana, destacam-se a instauração de um clima de confiança entre os Estados da Região dos Grandes Lagos, a criação de condições ideais de diálogo e concertação política, com vista à resolução da crise de segurança no Leste da RDC, a normalização das relações políticas e diplomáticas entre a RDC e o Ruanda, assim como a cessação imediata das hostilidades.
A Organização das Nações Unidas considerou o Roteiro de Luanda um documento importante para a resolução da crise reinante no Leste da República Democrática do Congo, sublinhando tratar-se de um apoio valioso para o fim do conflito.
Recordar que o clima de tensão entre a RDC e o Ruanda voltou a instalar-se na relação entre os dois países, depois do reinício, em Março de 2022, dos combates entre o exército da RDC e o grupo rebelde Movimento 23 de Março, mais conhecido por M23.
Os dois países acusam-se mutuamente de apoiar à insurreição militar para desestabilizar um e outro, com Kinshasa a denunciar um suposto apoio militar de Kigali ao M23, acusação negada por Ruanda. O nível de tensão entre os dois países subiu ainda mais de tom, depois da expulsão do embaixador do Ruanda da RDC.