Economia
Reservas brutas em queda no último trimestre de 2017
As Reservas Internacionais Brutas (RIB) do último trimestre de 2017 fixaram-se em 17.937,65 milhões de dólares, o que corresponde a uma cobertura de 6,85 meses de importação, contra os anteriores USD 19.719,40 milhões, para cobertura de 7,58 meses de importação, noticia o Jornal de Angola na sua edição desta sexta-feira.
Apesar das incertezas e da volatilidade dos preços do petróleo no mercado internacional, neste período as reservas mantiveram-se em níveis confortáveis, com uma cobertura acima da meta de seis meses de importação de bens e serviços, que é o indicador de convergência da SADC.
De acordo com o jornal, que faz recurso a dados do Relatório da Inflação trimestral do Banco Nacional de Angola (BNA), a diminuição das RIB deveu-se ao maior fluxo de saída em relação à entrada de recursos, essencialmente para pagamentos correntes do Governo, para o serviço da dívida externa e para a venda de divisas pelo banco central.
Por força dessa realidade, o stock das Reservas Internacionais Líquidas baixou, no final de 2017, para 13.299,71 milhões de dólares, reflectindo, igualmente, uma diminuição de 13,04 por cento em termos trimestrais (do terceiro para o quarto trimestre) e de 36,08 por cento em termos homólogos (em relação ao quarto trimestre de 2016).
No quarto trimestre de 2017, a “Conta de Bens” registou um excedente de 7.050,75 milhões de dólares, um aumento, em termos trimestrais, de 50,92 por cento e, em termos homólogos, de 67,09 por cento. O principal factor desse indicador foi o aumento do valor das exportações em 18,80 por cento, em termos trimestrais, e 27,56 por cento, em termos homólogos.
Essa variação positiva deveu-se, fundamentalmente, às exportações petrolíferas que beneficiaram do aumento do preço das ramas angolanas, tal como aumentou em 44,17 por cento, no trimestre em avaliação, a exportação de diamantes. Comparativamente ao quarto trimestre de 2016, a exportação de diamantes subiu 43,02 por cento.
No quarto trimestre de 2017, observou-se ainda a redução das importações em 22,00 por cento, destacando-se a queda das importações de combustíveis em 26,38 por cento, de alimentos em 18,73 por cento e de outros bens em 22,04 por cento. Em relação ao quarto trimestre de 2016, o diferencial da redução das importações ronda 19,35 por cento.
Relativamente aos principais países de origem das importações angolanas, Portugal e a China permaneceram no topo, embora com menor peso. Segundo o relatório, no período em avaliação, as importações oriundas da Bélgica e do Brasil ganharam alguma relevância para a economia angolana.
Apesar de haver uma maior contenção na venda de divisas, no período em análise o BNA disponibilizou aos agentes económicos, através dos bancos comerciais e por meio de vendas directas e leilões, cambiais no montante de 2.083,15 milhões de dólares, que reflectem uma diminuição de 16,56 por cento. Comparativamente ao período homólogo a redução foi de 43,38 por cento.
O último trimestre de 2017 foi ainda marcado por um decréscimo do total de montantes colocado à disposição do mercado secundário, verificando-se em Outubro a venda de 608,63 milhões de dólares, em Novembro de 784,85 milhões e em Dezembro de 689,67 milhões. Do total das vendas realizadas pelo BNA no quarto trimestre de 2017, o sector da alimentação foi o que mais absorveu divisas, seguido pelo sector petrolífero.
Por outro lado, os bancos comerciais adquiriram 365,98 milhões de dólares aos clientes, representando uma queda de 4,60 por cento, contra os 383,62 milhões de dólares do trimestre anterior. Em termos totais, o montante de divisas vendido aos bancos foi de 2.449,13 milhões de dólares, que mostra uma redução de 14,97 por cento em relação ao terceiro trimestre de 2017 e de 45,71 por cento face ao quarto trimestre de 2016.
A execução das divisas vendidas aos bancos comerciais baixou para 83 por cento no quarto trimestre de 2017, para 2.050,04 milhões de dólares, reflectindo uma queda de 11,53 pontos percentuais em relação ao terceiro trimestre e um incremento de 13,91 pontos percentuais face ao período homólogo de 2016.
Dos 2.050,04 milhões de dólares, 63,94 por cento foram destinados às operações de mercadorias, 26,77 por cento a invisíveis, 0,03 por cento à reposição cambial, 8,28 por cento às operações de capitais e 0,98 por cento às casas de câmbio.
Igualmente, no último trimestre de 2017 verificou-se um aumento no peso das vendas destinadas a mercadorias, em 15,94 pontos percentuais, e uma queda no peso das vendas destinadas a invisíveis em 22,21 pontos percentuais.
Em termos homólogos, registou-se um aumento de 7,23 por cento pontos percentuais no peso das divisas destinadas a mercadorias e uma queda de 9,45 pontos percentuais no peso das execuções de operações relacionadas com invisíveis.
Entre Setembro e Dezembro de 2017, o valor do kwanza face ao dólar norte-americano manteve-se praticamente fixo no mercado primário, mas depreciou-se no mercado secundário de divisas e de notas na ordem de 0,13 por cento e 1,02 por cento, respectivamente.
No entanto, observou-se uma apreciação nas casas de câmbio na ordem de 1,44 por cento e uma depreciação no mercado informal de 11,38 por cento.