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Opinião

Reflectindo sobre os últimos acontecimentos, concluo: tem faltado à equipa o homem do “Box to Box”, uma versão actualizada de Aldemiro Vaz da Conceição

Texto de Rui Kandove

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A primeira e mais importante razão para a constituição de qualquer Estado é, sem dúvida, a segurança. Segurança das pessoas, das Instituições e do território.

Desde os longínquos tempos de Ninrode, à primeira figura na Bíblia descrita como impulsionador da vida organizada em comunidade, que a colectividade obedece a normas para facilitar a convivência. No seu brilhante clássico Leviatã, Thomas Hobbes ilustra bem os contornos da segurança e das regras. O autor aborda a necessidade da criação de governos e sociedades. Segundo Hobbes o homem se encontra no estado de natureza quando não existe um governo para impor ordem.

O estado de sociedade se efectivaria quando cada indivíduo renunciasse o seu direito à liberdade individual, do qual era detentor no estado de natureza substituindo-se pela segurança existente no estado de sociedade. No estado natural, enquanto alguns homens possam ser mais fortes ou mais inteligentes do que outros, nenhum ousaria se erguer tão acima dos demais por forma a estar além do medo de que outro homem lhe faça mal. Cada um de nós tem direito a tudo, segundo o criador.

Deus deu a terra aos filhos dos homens, deu-a a humanidade em comum. Ora, supondo-se isso, seria de grande dificuldade, para alguns, entenderem como pode alguém chegar a ter propriedades ou reivindicar uma parcela de terra como sendo sua, já que Deus deu tudo para todos? Por que razão teríamos de solicitar autorização para comer do fruto da árvore que é a criação de Deus e ele deu a todos? Ora, sim, Deus deu o Mundo aos homens, mas também lhes deu sabedoria. Só com a sabedoria é possível evitar a vida selvagem, porquanto, uma vez que todas as coisas são escassas, existe uma constante guerra de todos contra todos.

No entanto, os homens têm também o desejo de acabar com a guerra, e por isso formam sociedade entrando, deste modo, num contrato social. De acordo com Hobbes tal sociedade necessita de autoridade para assegurar a paz interna e a segurança comum. Convém, sublinhar, no entanto, que nenhum governo sozinho será capaz de manter a ordem e tranquilidade. O que ocorreu na Localidade de Cafunfu foi feio.

O desejável seria que não tivessem acontecido mortes. Porém, é importante clarificar que até um Estado sem território, nunca permitiria ver a sua soberania posta em causa. Portanto, tudo parecia razoavelmente explicado e entendido até à conferência do Comandante Geral da Polícia Nacional e, como se não bastasse, um comunicado esquisito caí como à cereja no Topo do bolo. O que era para estar explicado torna-se, assim, numa situação complexa com contornos políticos imprevisíveis. É difícil, por isso, compreender como é que um partido com tantos quadros qualificados se dá ao luxo de, simplesmente, ignorá-los. Ninguém se recordou, primeiro de questionar a pertinência ou não da intromissão do partido num assunto do governo.

Em segundo lugar, custa crer que houve sequer tempo para analisar ao detalhe o escrito. Aqui chegados, somos obrigados a chamar a figura de Aldemiro Vaz da Conceição, o então chefe da propaganda da Administração dos Santos. O ex-porta voz do palácio encarnava o número 8 na equipa de futebol. O jogador especial, o tal que é excelente em anular o ataque adversário, e brilhante a sair a jogar, ou seja, um recuperador raçudo e ao mesmo tempo, habilidoso a conduzir o ataque.

A UNITA, equipa adversária de ocasião, tem feito o seu papel, actuando na primeira linha de passe com pressão alta. Povoou o meio campo com muita malta jovem, o que pode, em tese, dar alguma vantagem competitiva. Estudando o comportamento táctico das duas equipas recomenda-se que o treinador da equipa A, identifique com brevidade uma versão actualizada de Aldemiro Vaz da Conceição, não nas vestes de porta voz, mas como chefe da propaganda de Eduardo dos Santo. Para a equipa B, será de grande utilidade controlar o ímpeto da juventude para não falharem na hora do golo, embora com à baliza escancarada. Angola e os angolanos agradecem o fair play sempre necessário em alta competição. Afinal, o futuro pertence as gerações vindouras.