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Reconstrução de Gaza: qual é o mais consensual entre o plano dos EUA e do Egipto?
O mundo ainda não definiu qual é o melhor plano para o futuro de Gaza, mas há, pelo menos do que é público, mais países a apoiar o plano egípcio em comparação ao plano norte-americano. No plano do general Al-Sissi, o presidente do Egipto, consta a permanência dos palestinos em seu território e um investimento de 53 mil milhões de USD para a reconstrução de Gaza, porém, o Egipto não possui essa capacidade financeira, sendo que lança os olhos aos países do Golfo. Já o plano de Donald Trump, cujo país já provou ter arcaboiço financeiro, passa pela retirada dos palestinos daquela circunscrição, face aos escombros e não só, e a transformação de Gaza numa Riviera do Médio Oriente.
O futuro de Gaza continua na agenda internacional. E enquanto Israel e o Hamas vão se confrontando no campo de batalha militar e político, vai emergindo alguns planos para a paz e a reconstrução de Gaza, cujas infra-estruturas foram arrasadas quase na totalidade pelas bombas israelitas, como resposta ao ataque ao seu país, perpetrado pelo grupo palestino Hamas.
Assim como a antiga Administração norte-americana encabeçada por Joe Biden foi a primeira a apresentar um plano estruturado para o cessar-fogo entre Israel e o Hamas, foi a actual gestão dos Estados Unidos da América (EUA), a primeira entidade a trazer à hasta pública um plano para a reconstrução de Gaza.
O plano de Donald Trump, que é corroborado na íntegra pelo primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, prevê o deslocamento de palestinos para países vizinhos como o Egipto e a Jordânia, bem como a transformação de Gaza numa Riviera do Médio Oriente.
O sonho de Donald Trump sobre Gaza, constante num vídeo que o próprio partilhou na rede social, passa pela existência de arranha-céus modernos naquele enclave, iates na praia e carros de luxo circulando em vias turísticas.
De referir que Washington dispõe de capacidade financeira para pôr em marcha o referido plano, faltando apenas o apoio político e diplomático dos parceiros internacionais.
Já o Egipto, cujo plano foi apresentado nessa terça-feira, dia 4 de Março, está a braços com uma gritante inflação, e depende de pacote de ajuda financeira internacional para manter-se politicamente, bem como a capacidade militar de que dispõe.
Apesar da dificuldade supra, Al-Sissi trouxe à baila uma proposta ousada, não só porque diverge por completo com os EUA e Israel, mas também por trazer sugestões inovadoras.
Entre os pontos, constam um investimento de 53 mil milhões de dólares para Gaza, e inclui a limpeza de entulhos, a restauração de serviços essenciais, e propõe também o desenvolvimento urbano de longo prazo, incluindo moradias verdes, zonas industriais e projectos-chave de transporte, como um porto comercial e um aeroporto.
O plano prevê igualmente a instalação de um poder (Governo) interino de tecnocratas para gerir o processo. E afasta qualquer colaboração com o Hamas, sobre o qual refere que deve ser desarmado.
Entretanto, alguns estudiosos observam algumas falhas no plano relativamente ao modelo que deverá ser seguido para se desarmar o Hamas, como disse Ivo Sobral, coordenador de Mestrado de Relações Internacionais na Universidade de Abu Dhabi, citado pela RFI.
Ivo lembrou que na parte significativa do plano apresentado não há “detalhes nenhuns ao que vai acontecer com o Hamas. Portanto, isso é uma questão que continua em aberto”.
E é sobretudo por isso que Israel rejeita o plano, e exige o desarmamento imediato do Hamas e não vê o executivo de Mahmud Abbas, da Autoridade Palestiniana, como um parceiro de confiança.
Entretanto, o plano já conta com o apoio da Liga Árabe, uma organização composta por 22 países, bem como pela Organização das Nações Unidas.
Aparentemente, o plano de Donald Trump não tem pernas para andar face à falta de apoio, mas os EUA tem força e influência sobre determinados países da Liga Árabe para fazê-los recuar do compromisso demonstrado agora.
Por exemplo, a Jordânia, que em conjunto com o Egipto, recusaram à primeira a proposta de Donald Trump, de acolherem os palestinos, já aceitou receber 2 mil crianças palestinianas.
E muitos outros países optam por não criticar publicamente os planos elaborados em Washington.