Sociedade
“Realização de manifestação a pedir mais liberdade e protecção para jornalistas, é contraditório à realidade” – MINTTICS
Numa entrevista ao Jornal de Angola, o Director Nacional de Informação e Comunicação Institucional do Ministério das Telecomunicações, Tecnologias de Informação e Comunicação Social, João Demba, disse que a recente manifestação realizada em 2022, por Jornalistas demonstra uma contradição à realidade do país. Acrescentou ainda que “é interesse do Executivo garantir a existência de um estado normal de liberdade de Imprensa em Angola”
João Demba começa por dizer que não se pode fazer uma boa avaliação qualitativa do estado actual da liberdade de imprensa sem a existência de elementos quantitativos, por conta de “um vazio de pesquisas e estudos estruturados e regulares sobre a liberdade de Imprensa em Angola”.
“Talvez por isso, a opinião pública, de uma forma geral, tende a apresentar-se bipolarizada no que se refere ao assunto. Uma parte defende haver liberdade de Imprensa e outra dizendo não haver.
A subida de 26 lugares no ranking da Organização Repórter Sem Fronteiras, representa, onde Angola ocupou em 2022 a posição 99 (do total de 178 países), de acordo com o responsável, representa “um sinal claro de que se está a fazer o caminho certo e que é preciso continuar”.
“Para os cidadãos, em geral, é uma mensagem clara de que é interesse do Executivo garantir a existência de um estado normal de liberdade de Imprensa em Angola.
Mas, para melhor valorizar essa conquista de Angola, seria interessante que os órgãos de Comunicação Social, ao referirem-se ao Ranking sobre Liberdade de Imprensa, promovido pelos Repórteres Sem Fonteiras, pudessem, antes, explicar como é realizado esse trabalho, ou seja, que critérios são usados para a avaliação dos países”, afirmou.
Questionado sobre a manifestação realizada em 2022 por jornalistas a reclamar de perseguições, restrições e punições, o Director Nacional de Comunicação Institucional e Imprensa responde dizendo que é uma posição contraditória à realidade.
“Como se tem observado, nos últimos tempos, principalmente em Luanda, a realização de manifestações de rua tornou-se tão normal e comum. Realizar uma manifestação a pedir mais liberdade e protecção para jornalistas, salvo opinião em contrário, parece-nos contraditório a essa realidade”, disse, acrescentando que há relatos de situações menos boas bastante pontuais, nalguns casos não tão bem explicadas pelos envolvidos ou até provocadas pela ausência de algum cuidado na forma de trabalha.
“Há, ainda, outros relatos que derivam do esgrimir de emoções próprias de cenários de manifestações de rua. A não observância de princípios básicos, éticos e deontológicos, da profissão tem contribuído, também, para a existência de situações menos boas, ligadas à actividade jornalística”, assegurou.
João Demba sublinha ainda que desde Janeiro deste ano, com base no site dos RSF, seis jornalistas e um colaborador de meios de Comunicação Social foram mortos em todo o Mundo e 584 jornalistas e 22 colaboradores de meios de Comunicação Social estão presos.
“Angola não faz parte desta estatística, que em nada contribuiu para a actividade regular dos jornalistas. E como dissemos no intróito desta entrevista e reafirmo, uma boa analise, em geral, demanda por dados quantitativos”.