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RD CONGO – A continuidade de Kabila com novas aparências
Fonte: Africa 21
Várias semanas após as eleições presidenciais que levaram à presidência Félix Tshikedi, o que realmente mudou foram as aparências na encenação política, porque quem realmente a dita a agenda governativa, continua a ser o antigo presidente Joseph Kabila, forte da maioria absoluta de deputados eleitos nas várias Assembleias Regionais e da Assembleia Nacional em Kinshasa.
O novo presidente que emergiu da coligação de oposição, tomou medidas forte e carregadas de emoção, tais como a liber- tação de dois conhecidos opositores de Kabila, Firmin Yangambi e Franck Diongo, os dois presos em 2016, no momento mais forte das manifestações contra o prolongamento do segundo e último mandato presidencial.
Mas as recentes eleições senatorias de 09 de Março, deram à Frente Comum do Congo (FCC) 84 dos 100 lugares no senado nas 24 das 26 províncias, com um adiamento eleitoral em duas províncias. Uma vitória esmagadora que fez festejar os militantes de Kabila em todo o território do país, que irá pesar na escolha dos governadores regionais e influenciar decisivamente a esco- lha do futuro primeiro-ministro.
Segundo alguns analistas da cena política congolesa, a maioria absoluta nas legislativas e no senado, colocam o presidente Félix Tshisekedi, à mercê de uma revisão constitucional e mesmo de eventuais proceduras maliciosas contra o actual Chefe de Estado.
No campo da UDPS (União Democrática para o Progresso Social) que reagrupa a base militante do actual presidente Tshi- sekedi, passou-se de um clima de euforia ao espanto e cólera, quando se deram conta que não tinham sequer conseguido eleger um só senador nos sectores que consideravam mais fiéis como Kinshasa e Kasai, considerados “grandes eleitores”.
O descontentamento da base militante da UDPS, levou a cabo “expedições punitivas contra as residências dos seus depu- tados regionais”, que acusam de se ter passado de armas e bagagens para a FCC de Kabila; o mesmo cenário de revolta no in- terior do partido derrotado levou em Kinshasa, à proibição de entrada dos próprios deputados na sede do seu próprio Partido, que levou à intervenção da polícia nacional, que impediu o ataque a uma delegação da FCC.
Os resultados das eleições senatoriais não espantaram Martin Fayalu, que em Paris continua a campanha de denúncia das eleições presidenciais de 30 de Dezembro passado que elegeu Félix Tshisekedi, que considera uma mera “marionnette” de Kabila.
“Tshisekedi estava ávido de poder e caiu na armadilha”, comentou Martin Fayalu.” Agora Kabila tem tudo, e ri-se de todo o mundo.”
Entretanto um comunicado do chefe de gabinete do presidente Félix Tsisekedi, “congelou” as eleições e tomada de posse no senado, por suspeitas de corrupção, esperando-se o resultado de uma comissão de verificação e inquérito sobre o escrutínio.