Crónica
Quem tem muitos amigos, não tem nenhum
Em Angola, como em qualquer parte do mundo, a amizade é um dos pilares mais fortes da vida. Crescemos a ouvir que os amigos são a família que escolhemos, mas com o tempo aprendemos que nem todos os que caminham ao nosso lado permanecem até ao fim da jornada. A frase da imagem diz: “O tempo não te faz perder amigos, mas te faz entender quem são os verdadeiros”. É uma verdade dura, mas necessária.
Na nossa realidade angolana, marcada por desafios sociais, económicos e políticos, a amizade autêntica vale mais do que ouro. Os falsos amigos, aqueles que se aproximam apenas pelo interesse ou pela conveniência, acabam por se revelar com o tempo. Hoje, muitos confundem proximidade física com proximidade de coração. Mas a experiência ensina-nos que, muitas vezes, a distância é mais saudável do que a convivência forçada com quem veste máscaras de lealdade.
Na terra do kandengue que aprende a partilhar um pedaço de pão com o amigo, sabemos que amizade não se mede por sorrisos em festas ou por mensagens bonitas nas redes sociais. Mede-se pelo silêncio cúmplice nos momentos difíceis, pela mão estendida sem pedir nada em troca, pela verdade dita mesmo quando dói.
É melhor um amigo distante, mas verdadeiro, que ora por ti em silêncio e se alegra sinceramente com as tuas vitórias, do que dez amigos falsos que se sentam à tua mesa apenas para partilhar o que tens, e não o que és. Em Angola, onde tantas vezes a vida nos ensina a desconfiar, precisamos aprender a valorizar a qualidade e não a quantidade das amizades.
Por isso, quando o tempo afastar alguém do teu caminho, não chores a perda. Talvez não tenhas perdido nada. O tempo, sábio como é, apenas te mostrou quem realmente importa. E, no fim, fica a certeza: a verdadeira amizade não depende de estar perto todos os dias, mas de nunca deixar de estar presente, mesmo na distância.