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Quanto custa manter uma campa/sepultura em Angola?

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Após o sepultamento do ente querido, do amigo ou amiga, do(a) colega de trabalho, do vizinho ou vizinha, cerca de seis (6) meses depois, os familiares são aconselhados a armar uma campa composta. Este aconselhamento é feito por pessoal dos cemitérios, da empresa funerária ou por via de empresas que vendem aqueles materiais de adorno das sepulturas.

Este tempo de 6 meses é uma média para que a natureza faça a sua parte do caixão/urna/caixa do defunto abata com o peso da terra, fruto da chuva, Sol, do calor e a própria decomposição do corpo humano. A própria terra acima do solo desfaz-se daquela forma rectangular que bem conhecemos. Este conhecimento e outros advém de ter tido já uma funerária em Moçambique e também ter questionado as seguintes empresas: Damazé, Lda e Ladystone, Lda, as quais agradeço a amabilidade em partilhar conhecimento comigo.

Sabemos que há um dia no calendário de que lembra os mortos (finados), e é esse dia é o dia 2 Novembro (em Angola e em Moçambique). Em Portugal, por exemplo, é dia 1 de Novembro (Dia dos Finados e Dia de Todos os Santos). Em todos os três países é feriado oficial. Nesse dia (pelo menos), as campas e jazigos tornam-se símbolos de quem os entes queridos foram. Porém, actualmente muitos destes espaços em Luanda e noutros lugares no país, têm sido vandalizados.

As Campas e jazigos são feitos de mármore e granito, do cemitério mais antigo da cidade capital, são reparados pelos coveiros.

O Cemitério do Alto das Cruzes é um dos mais antigos da cidade capital e conta com mais de 100 jazigos e milhares de campas, a maioria em bom estado de conservação, pertencentes a famílias angolanas e portuguesas e de outras nacionalidades. Existentes há mais de 300 anos, e estão bem conservados.

As campas e jazigos, feitos de mármore e granito, são reparados pelos coveiros. No Alto das Cruzes estes espaços são limpos a cada seis meses. Na entrada do cemitério é possível ver caixões cobertos com lençóis brancos em alguns jazigos de família, com três a quatro membros sepultados no mesmo lugar.

Actualmente, o “campo santo” do Alto das Cruzes recebe pessoas de todas as partes do país e do estrangeiro que vêm fazer visitas, para reabilitar e limpar os lugares dos antepassados. A maioria das famílias proprietárias têm paciência de manter o espaço bem organizado, com o apoio dos funcionários que reparam, muitas vezes, campas desabadas e jazigos com fissuras.

O estado do cemitério do Alto das Cruzes é um exemplo que não se reproduz nos restantes cemitérios do país. O melhor exemplo é o (novo) cemitério do Benfica. Os restantes cemitérios são uma “sombra” do que deveria ser a organização, manutenção dos cemitérios e das sepulturas.

As pessoas com algumas posses contratam informalmente Pessoal do cemitério para limpar a terra, a poeira com uma mesada contratada previamente. Dois mil Kwanzas é a média, mas depende do tamanho dos adornos da sepultura. Se for um jazigo, pode chegar aos dez mil Kwanzas por mês. Como quase sempre, os preços são estabelecidos consoante alguns requisitos, como por exemplo a alegada posse da família, da cor da família enlutada, etc.

Comprar pedra para adornar a sepultura varia da pedra, se é mármore ou granito. A primeira é mais cara. Chega a ser três vezes mais do que o granito. Dificilmente uma sepultura fica abaixo dos duzentos mil Kwanzas. Mármore rosa da Huíla, ultrapassa os quinhentos a um milhão de Kwanzas. Tudo depende da quantidade da pedra, ornamentos, altura, etc.

Pelas pedras compradas e expostas, os larápios têm tido a tentação de assaltar os cemitérios e levar as mesmas. Já nem os mortos são respeitados… às famílias, aconselho que comparem preços antes de qualquer investimento, tenham em atenção às medidas que podem tomar para proteger a sepulturas para evitar estes roubos da sepultura do familiar querido. Visitem mais o cemitério e conversem com os funcionários do cemitério. Os seus salários são baixos e há sempre forma de partilhar de alguma forma o que podemos ter a mais do que estas pessoas que trabalham num local onde muitos já se imaginaram trabalhar.

Às minhas avós, falecidas no mesmo dia: 9 de Dezembro, a primeira com mais de 30 anos e a outra a 9 de Dezembro de 2018: Sofia da Luz Quintas e Maria Antónia Lourenço, a minha eterna eterna e das vossas netas: Sofia e Bianca.




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