Politica
Quando a “desgraça nacional” se torna em oportunidade de Negócio
Angola vive um dos momentos conturbados da sua história recente. A crise da Covid-19, associada a já debilitada economia nacional, estão a trazer consequências drásticas em diversos sectores da vida nacional, da qual as empresas e as famílias, já ressentem.
Enquanto, o executivo faz um esforço gigantesco, mobilizando recursos dentro e fora do país, para fazer face a esta crise, alguns dirigentes fazem cálculos e montam estratégias, de como esta “desgraça nacional”, lhes pode ser favorável, e com isso “amealhar”, algumas dezenas de milhões de kwanzas em suas contas pessoais, em troca da dor e do sofrimento de um povo, que continua a ser “heróico e generoso”.
Esta semana, chegou a nossa redação, denuncias, que davam conta da existência de trinta e seis cidadãos Angolanos provenientes da República da Namíbia, país onde se encontravam em tratamento médico, confinados no Centro Oulondelo – Ondjiva, na província do Cunene, em regime de quarentena institucional há quase 2 meses, mesmo após terem sido testados negativo para a Covid-19.
Igualmente em Luanda, no Centro de Calumbo 2, dezenas de cidadãos nacionais, encontram-se confinados em regime de quarentena institucional há quase 2 meses, mesmo após terem sido testados negativo para o Covid-19, mais de três vezes.
Uma fonte do Correio da Kianda, próximo a Comissão Interministerial para Prevenção e Combate à Covid-19, confidenciou a este jornal, que razões “mercantilistas”, estão na base da permanência daqueles cidadãos em quarentena institucional.
“Este pessoal está a facturar muito com esta gente em quarentena, por isso não lhes tiram. Quanto mais tempo as pessoas ficarem nos centros de quarentenas, mais eles facturam com operações de logística e compra de equipamentos de biosegurança”. Disse a fonte.
Segundo a fonte que temos vindo a citar, alguns dirigentes, ligados a comissão, criaram empresas, com recurso a “testas de ferro”, para entrarem no negócios, uma investigação, que este jornal promete trazer nos próximos dias.
“Essa gente perdeu o medo e o respeito pelos recursos públicos, mas também perdeu a sensibilidade e o amor ao próximo”. Disse um dos dirigentes do MPLA, em gesto de desabafo.
Entretanto, em toda esta historia, digno de um filme de máfia, a pergunta que não se quer calar, é, o que estão a fazer as instituições do Estado, que têm por missão, alertar o Presidente da República?
O Correio da Kianda, noticiou no dia 19 de Maio, que o Presidente da República João Manuel Gonçalves Lourenço, tinha sido aconselhado a revogar o Despacho Presidencial n.º 65/20 , publicado em Diário da República Iª Série n.º 60 de 4 de Maio de 2020, que autoriza a compra de um complexo habitacional na comuna de Calumbo, Município de Viana,com objectivo de ser transformado em centro de tratamento de epidemias e pandemia, por se tratar de um mau negócio.
Ainda durante o mês de Maio, foi tornada publica, informações que davam conta, que alguns empresários com ligações a responsáveis da Comissão Interministerial para Prevenção e Combate à Covid-19, terão utilizado parte da capacidade das aeronaves da Ethiopian Airlines fretadas por Angola para trazer os meios de Prevenção e Combate à Covid-19, para fins privados.
Entretanto, esta situação, levou o governo, a interromper de forma unilateral, o contrato que havia firmado com a Ethiopian Airlines e passado a TAAG, sem ter revelado, as figuras envolvidas no “esquema”. Mas, o Presidente da República mandou instaurar uma sindicância para aferir o envolvimento ou não no negócio, de pessoas ligadas a comissão dirigida pelo Ministro de Estado e Chefe da Casa de Segurança do Presidente da República, Pedro Sebastião. Passado pouca mais de um mês, o resultado desta sindicância, continua nos segredos dos “deuses”.
Todas estas situações, frustam as expectativas dos cidadãos, e minam a confiança destes com relação ao poder politico. Dito isto, o Presidente da República, precisa agir, “sair por cima muro”, de forma a travar os apetites destes oportunistas, que não medem esforços, quando o assunto é delapidar o erário público.