Sociedade
“Qualidade do atendimento hospitalar é definida pelo paciente”
A directora do Hospital Central do Lubango, Maria Lina Antunes, disse nesta quarta-feira, 08, em Luanda, que são os pacientes que acorrem às unidades sanitárias que definem a qualidade do atendimento hospitalar e nunca os próprios médicos nem os seus gestores.
Maria Lina Antunes fez essa abordagem quando apresentava a proposta de criação do sistema nacional de acreditação em saúde, na Conferência nacional da qualidade de saúde e segurança hospitalar, que decorre na capital do país.
De acordo com a responsável, a criação do Sistema Nacional de acreditação vai permitir melhorar a qualidade dos serviços prestados pelas unidades de saúde no país.
“Serve para demonstrar o compromisso de uma organização em fornecer cuidados de saúde de alta qualidade”, referiu.
A adesão, que a directora defende ser voluntária por cada hospital público ou privado, compromete os seus gestores.
Disse ainda que as organizações que oferecem programas de acreditação em saúde e desenvolvem padrões e critérios as quais as instituições de saúde se devem submeter para obter a acreditação.
“Além disso, essa acreditação não é um episódio único, mas implica que a seguir vai haver várias visitas ao local para avaliar esses padrões e implica uma continuidade”, disse, sublinhando que a acreditação não é um processo único.
“Não acaba e não termina. É o início de uma melhora contínua. Portanto isso quer dizer que as organizações são submetidas periodicamente à várias auditorias para garantir que continue a cumprir esses padrões que se pretende estabelecer”, afirmou.
Maria Lina Antunes exemplificou o sistema ISO, que optimiza os padrões de trabalho em termos de qualidade, levando as empresas a se tornarem competitivas.
“Hoje, cada vez mais é o paciente que define que realmente está satisfeito ou não com os serviços prestados. Não é a nossa impressão interna. Não é dizer nós melhoramos e o serviço está bom. O paciente é que dá essa decisão que estou satisfeito com o vosso atendimento”, disse.
Entretanto, reconheceu que em saúde “não é fácil” atingir a satisfação do paciente, sublinhando que a qualidade é também subjectiva. Mas deve, de acordo com a responsável, sair com uma opinião sobre o atendimento.
“Quando uma instituição passa a ser conhecida porque os clientes clientes estão satisfeitos com os serviços que são prestados lá, abrem-se as portas até para cooperação internacional, para projectos de investigação, para colaboração específicas em áreas de desenvolvimento… as portas abrem-se porque ela é reconhecida como uma instituição credível”, disse.
Maria Lina Antunes apontou inúmeras vantagens do sistema de acreditação para o país, pois melhora o acesso e a segurança, dos utentes e reforça a confiança sobre as instituições.
Nelson Cassende, da Ges-Saúde, que organiza o evento, disse ao Correio da Kianda que a conferência Nacional da qualidade em saúde e segurança hospitalar, visa promover a discussão e oportunidades de negócios entre os profissionais e instituições de saúde no país, com destaque para a implementação do sistema de gestão da qualidade na produtividade e competitividade nas instituições de saúde.
Questionado sobre a qualidade do atendimento hospitalar, Nelson Cassende respondeu que apesar de definir qualidade ser subjectivo, pela sua relactividade, “nos últimos dias temos estados a receber muitas reclamações a nivel dos nossos hospitais públicos e até nivel de clínicas privadas”.
Defende mais esforço para se garantir um atendimento hospitalar de qualidade aos utentes, implementando o sistema de gestão da qualidade.
“Cobra-se muito qualidade, mas qualidade não acontece por acaso. É uma estrututa que deve ser montada… é preciso não relaxarmos, temos de criar a cultura de implementar a cultura de auditoria nas nossas instituições, implementar a cultura de cumprimento do plano de acção”, disse.
Afirmou por outro lado que os gestores das unidades sanitárias têm uma responsabilidade sobre osm sistema de saúde e a qualidade do atendimento hospitalar, pois são eles que garante a implementação do sistema nos respectivos hospitais.
“Nós temos muitas dificuldades na implementação desse processo por conta de vários líderes, gestores principais das unidades. Muitos não entendem e acabam não abraçando, acabam não estendendo a sua mão na implementação do sistema de gestão da qualidade”, referiu, acrescentando que se a Direção não abraça a auditoria, ninguém [funcionários] vai se interessas.
Disse ainda que isso representa uma mudança de cultura de gestão e por isso, “se não tiver um gestor que faça cumprir as orientações da qualidade nós não conseguimos atingir os nossos objectivos”.
Outro sujeito de capital importância para a implementação do sistema de acreditação em Angola é a criação e aprovação de leis especificas que permitam as instituições a seguir as normas de qualidade.