Sociedade
Professores obrigados a limpar escola no Huambo
O Sindicato Nacional dos Professores (SINPROF) denunciou, na noite desta quarta-feira, 07, através de uma carta dirigida aos professores, que os seus colegas do Liceu Mártires da Canhala, no município da Ekunha, no Huambo, foram obrigados a limpar a escola pelo director da referida instituição.
De acordo com a nota a qual o nosso jornal teve acesso, os “profissionais do giz” foram coagidos, sob ameaça de verem os seus salários descontados, caso não acatassem tal orientação.
O SINPROF alerta aos professores, à semelhança do Liceu Mártires da Canhala, a não cederem às “chantagens e humilhações de qualquer dirigente escolar”, segundo eles, “limpar a escola não é competência dos professores, mas sim de auxiliares de limpeza”.
“Não caiam em qualquer cantiga. Não aceitem humilhações gratuitas. Não é da vossa conta limpar a escola”, lê-se e esclarece que, “por isso mesmo, ninguém vos pode sancionar por algo que não é da vossa competência. O professor deve saber impor-se”, enfatiza.
Os professores Miguel Quimbeza e Sabino Chemba Sapalalo em declaração ao nosso jornal, foram unânimes em repudiar a situação a que foram submetidos os colegas do Liceu Mártires da Canhala.
Para o antropólogo e docente Miguel Quimbeza, o processo de higiene e limpeza nas escolas deve ser feito por pessoal competente e recrutados para o efeito, que são o pessoal auxiliar de limpeza.
“Estes professores devem reivindicar pelos seus direitos que estão a ser violados, o lugar do professor na escola é na sala de aula e não a fazerem limpeza”, aponta e sublinha que é “uma atitude reprovável a todos os níveis e, este comportamento atrapalha o processo ensino e aprendizagem dos alunos”.
Por sua vez, o professor Sabino Chemba Sapalalo, considerou o gesto como “loucura” e atira a culpa aos professores que aceitam tais orientações.
“É loucura, falta de conhecimento, coragem de reivindicar, explicar que eles têm a função de ensinar, educar dentro e fora do processo de ensino no mundo da ciência e não fazer limpeza”, afirmou.
O docente realçou que é revoltante o que se assiste neste sentido: “os professores não devem aceitar esta tamanha humilhação”.