Sociedade
Professores forçados a darem provas. Pessoal administrativo e auxiliares de limpeza obrigados a controlarem
O calendário lectivo marca, hoje, 12, o início das provas do primeiro trimestre no ensino geral em todo o país. Apesar da greve, os professores estão a ser forçados a realizarem as provas e o pessoal administrativo, até auxiliares de limpeza, obrigados a controlarem, denunciam professores de escolas públicas ao Correio da Kianda.
Os professores denunciam que têm recebido mensagens intimidadoras de directores de escolas e anônimas. “Caso não compareceres serás expulso da função pública”, contou um professor ao Correio da Kianda. A fonte avança ainda que “há colegas que não aderiram à greve e estão a controlar as provas em duas ou três turmas. Até auxiliares de limpeza também estão sendo obrigadas a controlarem provas”, lamentou.
Diante deste cenário, o SINPROF pede aos seus filiados para que continuem “firmes e fortes. Ignorem as SMS e os comunicados dos directores que querem a todo custo ministrar as provas”, solicita em comunicado.
Por seu turno, o Ministério da Educação orientou, na noite de sexta-feira, no final de uma reunião, via Zoom, com os directores de escolas de todas as províncias, a marcarem faltas aos alunos e professores que não comparecerem nas provas.
O MED lembra que os professores em regime probatório, coordenadores de classes, disciplina e de curso não devem aderir à greve, por fazerem parte da direcção e chefia das escolas.
“Os professores do regime probatório que se encontram em fase de avaliação não devem aderir à greve, porque correm o risco de serem afastados do quadro do pessoal da Educação”, alerta.
O Correio da Kianda ouviu também o presidente do Movimento dos Estudantes de Angola (MEA), Francisco Teixeira, que confirmou a obrigatoriedade dos estudantes a fazerem provas nas escolas públicas.
Segundo o MEA, as escolas que estão a realizar provas do primeiro trimestre, as mesmas estão a ser controladas pelos auxiliares de limpeza e seguranças.
Para Francisco Teixeira, este acto é desrespeito a educação e aos alunos. Porque, segundo ele, a responsabilidade elaborar e controlar as provas é do professor e não dos seguranças e de auxiliar de limpeza.
“Não podemos aceitar que as provas sejam feitas pelos directores e não pelos professores”, disse e acrescenta que “as escolas que estão a fazer provas do ano passado, o que prova o desrespeito e irresponsabilidade do Ministério da Educação olha para o ensino público”.
Os estudantes estão a ser obrigados a fazerem provas, sem antes terem uma semana de revisão, e o mais grave, acontece após duas semanas parados devido a greve dos professores.
Francisco Teixeira sublinha que o Ministério da Educação entende que a realização das provas do primeiro trimestre mesmo em plena greve, está a fazer um favor a um grupo de pobres e de estudantes do ensino público.
O líder estudantil afirma que os seguranças e auxiliares de limpeza é que estão a controlar as provas, o que substancia numa falta de respeito, ilegalidade e insulto ao ensino público.
Os auxiliares de limpezas e de seguranças são pessoas que têm o seu papel específico dentro das escolas e não é para substituir os professores. O responsável do MEA assegurou que em Luanda, várias escolas estão nesta situação.
Por Adérito Casimiro e António Cassoma