Mbuandja na Kianda
O Primeiro de Agosto e o “Soco” merecido
O Primeiro de Agosto, clube afecto ao exército angolano, é um dos grandes do futebol nacional, sem, no entretanto, ignorar a sua grandeza noutras modalidades desportivas.
Para este espaço a nossa leitura vai cingir-se, exclusivamente, à modalidade do futebol, pois é sobre ela que se alimentou o conflito que opôs essa agremiação desportiva e o órgão reitor do futebol, em Angola (FAF).
Um mês depois da suspensão dos atletas do Primeiro de Agosto, pelo Conselho de Disciplina da FAF e depois de ter recorrido da decisão ao Conselho Jurisdicional do mesmo organismo, eis que a decisão final – em termos de estrutura do futebol nacional – foi tronada pública, na tarde desta quinta-feira, 08, em acórdão nº 001/CJ-FAF/2018.
Não pretendemos – e nem queremos – analisar o mérito ou demérito do referido acórdão. Pretendemos, isso sim, olhar para a forma como o “dossier” é encerrado e o quão este encerramento satisfaz e a quem! É esse o nosso entendimento porquanto o Primeiro de Agosto, nos últimos três anos tem estado a demonstrar comportamentos que em nada contribuem para o bem-estar, moralização, unificação e ocupação dos cidadãos, lamentavelmente, fruto de algumas vitórias no campo.
Está, aqui sim, a cultivar comportamentos que transformam o bom senso a arrogância, o respeito ao abuso, o correcto do errado e da união a separação, fruto de algumas atitudes que a sua direcção tem estado a tomar um pouco em todas as competições em que esteja…
O exemplo paradigmático agora é o de ter influenciado, consideravelmente, os atletas da equipa de futebol a recusarem-se a utilizar a mais importante camisola de toda e qualquer actividade desportiva no País. Ou seja, ter dito aos atletas da selecção nacional de futebol, Palancas Negras, a não comparecer no local de preparação.
Aliás, esta consideração fica reafirmada pelo Conselho Jurisdicional da FAF que no seu acórdão diz que “ao serem convocados oito atletas do Club, para integrarem os trabalhos de preparação da selecção nacional de Angola, ficou expressa a vontade do Club em não ver o seu trabalho de preparação dificultado, daí ter solicitado que fossem dispensados todos aqueles que foram convocados. No entanto, a vigência da convocatória e do seu atendimento por parte dos clubes teve vicissitudes comprovadas nos elementos probatórios apresentados pelo recorrente (…)”
Assim, fica reafirmada a tese trazida pela primeira instância em que se resguarda que o próprio Clube Militar (direcção) orientou, no seu habitual secretismo, que os atletas não se apresentassem, tal como imperam às normas da CAF e da FUFA.
Ora, um Clube da dimensão do Primeiro de Agosto, mesmo escoltado pelos seus “contratados” jornalistas e/ou comentadores, nos diversos órgãos de comunicação social, com destaque para Rádio Cinco, TV Zimbo, TPA etc, que detêm os programas especializados em futebol, especialmente, não pode cometer tamanha barbaridade dessas.
(lamentamos a “assessoria” que Paulo Tomás prestou, directa ou indirectamente, aos militares, na rádio cinco, quando logo após a publicação da convocatória dizia ser desnecessária a presença dos jogadores do primeiro de agosto na selecção, pois, os resultados a obter, na liga dos clubes campões africanos, seriam mais benéficos para o País do que os possíveis da selecção).
Esta posição, própria de “um servidor onerado” alastrou-se em quase todos os espaços controlados e fez-se com que os militares tivessem a petulância que assistimos com comunicados desastrosos e atentatórios ao ambiente necessário na vida dos desportistas, em geral.
Ofenderam, xingaram, banalizaram tudo e todos, incluindo os dirigentes da Federação Angolana de Futebol, com destaque para o seu Vice-Presidente que, a equipa liderada por um general, infelizmente, chamou, em comunicado, de incompetente, desconhecedor do seu trabalho e que, por isso, deveria demitir-se ou ser exonerado.
Nesta asneira de posicionamento os militares contaram com outros “contratados”, Dinho Soares, da Zimbo, Comandante Prata, Rádio Cinco e TPA 1 e Conceição Gaspar da Luanda Antena Comercial, LAC… afinal de contas, e postos na fase pós recurso, podemos afirmar que estamos diante de um PRIMEIRO DE AGOSTO E O “SOCO” MERECIDO, pois, a cabeça não regulou e agora o corpo é que paga com os dias que os atletas terão que assistir aos jogos em casa ou nas bancadas dos estádios do País.